Retrospectiva...

Adriana Ferreira 

Poderia escrever uma retrospectiva de 2020, mas, sinceramente, quem quer requentar as notícias deste ano? Um ano que até agora não sabemos o que realmente aconteceu. Melhor que cada um olhe dentro de si e faça sua própria retrospectiva. 

Aniversário 

31/12/2019, órgão oficial de Wuhan, China, emitiu um alerta sobre uma série de casos associados a um misterioso vírus respiratório. O ponto comum era um mercado municipal na referida cidade, que vendia animais silvestres vivos e mortos. Hoje faz um ano que tal ocorreu e temos: mais de 1,800 milhão de mortes no mundo todo desde, sendo mais de 193 mil só no Brasil, quase 1.700 em Minas Gerais e perto de 100 em Divinópolis. Que, antes mesmo de completar dois anos, a queda da curva, até a erradicação, seja realidade. Na torcida!

E a parte boa?

Poderia colocar aqui os recuperados e descartados, mas, como estamos em tempo de festa, melhor que, sem perder a esperança, nos fixemos na parte ruim, porém, sem perder a esperança e para que não nos esqueçamos de nos preservar para que possamos realmente festejar quando dominado o vírus. Deixemos a parte boa para o próximo ano, após as festividades, e que tenhamos o prazer de contar que, passados os festejos, não houve aumento de casos. Pelo contrário, vamos torcer para que haja mais recuperados, mais casos descartados e que alguma vacina realmente tenha poder imunizante. 

Feliz Ano Velho I

Em 1982, Marcelo Rubens Paiva, filho do deputado federal Rubens Paiva, um dos desaparecidos na época do governo militar, lançou um romance autobiográfico com o título de “Feliz Ano Velho”. Trata-se do relato do acidente que deixou Marcelo tetraplégico, a poucos dias do Natal de 1979. Antes do acidente, era um jovem paulista de classe média alta, vida boa, muitas namoradas, estudante de engenharia agrícola na Unicamp, ele vê sua vida se transformar num pesadelo em questão de segundos. 

Feliz Ano Velho II

Durante um passeio com um grupo de amigos, Marcelo, de farra, resolve dar um mergulho no lago. Meio metro de profundidade. Uma vértebra quebrada. O corpo não responde. Começa ali, naquele mergulho, a história de “Feliz Ano Velho”. A partir do acidente, Marcelo vê sua vida mudar radicalmente. Seus dias no hospital, as visitas que recebeu, as histórias que viveu são relatadas sob uma nova perspectiva: a de um jovem que sempre fez tudo o que podia e queria, e que, agora, sentado em uma cadeira de rodas, vê-se impotente diante dos acontecimentos, dependendo da ajuda de amigos e familiares para reaprender a viver. O livro mostra a dificuldade que muitas pessoas sofrem com essa situação e a força de vontade que um homem tem de ter para se inserir novamente na sociedade, enfrentando seus problemas e medos.

Feliz Ano Velho III

12 meses do novo coronavírus, 12 meses foi o período que Marcelo passou por um uma recuperação lenta e dolorosa: dias e noites intermináveis numa UTI, o colete de ferro, a descoberta de que teria como extensão do seu corpo uma cadeira de rodas, os momentos em que chegou a contemplar o suicídio. Apesar do tema trágico, “Feliz Ano Velho”, vencedor do Prêmio Jabuti e adaptado para o teatro e cinema, tem momentos de humor, ternura e erotismo. Marcelo se encarrega de colocar em palavras a relação de amor e respeito pela família, a camaradagem e encorajamento da turma, as festas e seus desejos.

Justiça 

19 minutos. Esse foi o tempo gasto pelo juiz de direito plantonista José Alexandre Marson Guidi para apreciar um pedido e deferir a liminar no sentido de que o Poder Público coloque em ambiente hospitalar uma paciente em estado grave que está em um contêiner da UPA ao lado da Clínica Bento Menni, em Divinópolis. E mais, a intimação feita pela procuradora, ou seja, esta colunista, porque o tempo urge. O Município levou menos de 10 horas para cumprir. Detalhe: intimado às 22h31, às 9h da manhã já havia sido cumprida.

Aplausos

Parabéns ao nobre juiz, à sua assessora, Tana Luiza de Melo Rocha, e ao prefeito, Galileu Teixeira Machado. Brilharam!

Galileu

Deixa as contas sanadas e dinheiro em caixa. Fica registrada a admiração desta colunista.

Poder Judiciário

As mazelas ficam para o ano vindouro. 

Feliz Ano Velho!

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