Relaxamento de medidas pode levar Divinópolis à onda vermelha
Possibilidade de nova regressão preocupa; hospital de campanha vai continuar recebendo pacientes
Matheus Augusto
Divinópolis voltou, nesta segunda-feira, 7, para a onda amarela do programa estadual Minas Consciente. Agora, a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) trabalha para estabilizar os números e evitar uma nova regressão – o que permitiria apenas a abertura de serviços considerados essenciais. Em coletiva na tarde de ontem, o secretário de Saúde, Amarildo Sousa, e a diretora da Vigilância em Saúde, Janice Soares, destacaram as mudanças e o atual cenário.
Ensino
Em relação às escolas, Amarildo explicou: os colégios que receberam autorização para funcionar quando a cidade estava na onda verde podem continuar suas atividades sem o aumento de serviços e/ou alunos.
— As escolas que começaram a funcionar na verde e tiveram seu protocolo aprovado pela Vigilância Sanitária com autorização para funcionar continuam da mesma forma— destacou.
Já a diretora destacou que as escolas são obrigadas a notificar a presença ou não de casos suspeitos ou positivos em suas unidades. Até o momento, uma professora e as demais pessoas com contato próximo a ela foram afastados após teste confirmado.
— Nesta semana não tivemos nenhum caso positivo nas escolas, mas temos, sim, casos suspeitos — relatou.
Hospital de campanha
Sobre o hospital de campanha montado no estacionamento da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), o secretário de Saúde explicou que a previsão era mesmo desmontar a estrutura, mas houve mudanças nas diretrizes.
— Havia uma normativa para o desmonte dos leitos do hospital de campanha, mas eles declinaram dessa proposta e garantiram por mais três meses — destacou.
Vacinação
Com os governos federal e estadual sinalizando sobre a possibilidade do início da vacinação no 1º semestre do próximo ano, Divinópolis já começa a se organizar. Segundo Janice, o Estado se reuniu com o Município para cobrar a elaboração de um plano de imunização até o início de janeiro.
Em construção, com orientação de diretrizes repassadas pelo governo, o objetivo é organizar a rede de frios, comprar insumos, freezers e capacitar os profissionais de saúde.
— A gente já está trabalhando e assim que for disponibilizada [a vacina] vamos ter uma rede preparada para começar a imunização — comunicou.
Bares e restaurantes
A intenção neste fim de ano é reforçar a fiscalização em todos os setores da cidade. A Vigilância Sanitária, em parceria com os empresários, será responsável por garantir o cumprimento das normas de prevenção à covid-19 no interior dos estabelecimentos. Com o apoio da Polícia Militar (PM), a ação de controle para evitar aglomerações também será realizada nas vias públicas.
Em bares e restaurantes, que têm recebido atenção especial nos fins de semana, devido a perturbação de sossego, a fiscalização também continua.
— Sem o entretenimento [proibidos na onda amarela], a gente espera poder controlar melhor a situação — comentou Amarildo, citando a atração de público por shows e transmissão de jogos, proibidos desde o início desta semana.
Ainda sobre o assunto, Janice voltou a ressaltar que, caso os indicadores não melhorem, medidas mais drásticas podem ser tomadas.
— Mesmo com todas as precauções, se não forem capazes de reduzir os indicadores, há a possibilidade de suspender a venda de bebidas alcoólicas — citou.
Natal estendido
O comércio poderá abrir as portas por mais tempo com a proximidade do Natal. A secretaria aprovou a proposta apresentada pelo Sindicato do Comércio Varejista de Divinópolis (Sincomércio).
— Aumentar o horário diminui o fluxo de pessoas nas ruas. (...) o horário reduzido poderia provocar mais aglomerações — justificou Amarildo.
O decreto autorizando a extensão de funcionamento deve ser publicado hoje, comentou. O funcionamento definido foi:
dias 14 e 18: 9h às 18h;
dia 19: 9h às 18h;
dia 20: 9h às 16h;
dias 21 a 23: 9h às 21h;
dia 24: 9h às 20h;
dia 26. 9h às 14h;
dia 28: após as 12h
dia 31: 9h às 19h;
dia 2 de janeiro: 9h às 14h;
dia 4: após às 12h.
Esclarecimento
Ao responder os questionamentos, Amarildo e Janice esclareceram que estão suspensas atividades de recreação e lazer em clubes e o funcionamentos de salões de festa. Missas e cultos apenas com 30 pessoas. Aulas de esportes podem continuar.
Alerta
Para a diretora da Vigilância Sanitária, a volta de Divinópolis para a onda amarela é reflexo da piora dos índices.
— Desde que a pandemia começou, nunca tivemos uma incidência tão alta. (...) Temos, sim, que pisar no freio agora, aumentar o distanciamento, ficar mais alertas para controlar a situação e não irmos para a onda vermelha — completou.
Segundo ela, a meta agora é estabilizar a situação para, apenas então, pensar a volta para a onda verde.
— Se os indicadores continuarem nesse ritmo, há a possibilidade de nova regressão — acrescentou.
O secretário destacou, porém, que a culpa da piora dos índices não é apenas de “um ou outro” setor, mas de um relaxamento geral das medidas de prevenção
— Os fatores que refletiram nesta regressão de onda não pode ser apontado para apenas um segmento — explicou, classificando com uma mudança de “comportamento da sociedade em geral”.
Ele ainda citou o aumento exponencial de festas clandestinas e em sítios, “onde é difícil a fiscalização”, e a diminuição do uso de máscara em vias públicas.
— Estamos recebendo e apurando todas as denúncias — destacou, lembrando a população sobre o App Divinopolis, no qual é possível relatar o descumprimento das normas sanitárias e aglomerações.
Amarildo solicitou aos moradores que reforcem e respeitem as medidas de prevenção para evitar uma nova regressão. Conforme destacou o responsável pela pasta, a Vigilância Sanitária está organizando o movimento “Natal sem covid” e intensificou a higienização dos espaços públicos, como fachadas de hospitais, postos de saúde, pontos de ônibus e escolas.
— A gente espera que todos fiquem com saúde e consigam a tão esperada vacina — finalizou.
Já a diretora reforçou a necessidade do uso de máscara e da higienização constante das mãos enquanto durar a pandemia.
— Nesse fim de semana tivemos com CTI com 100% de ocupação na rede privada. Estamos percebendo uma ocupação muito alta nos hospitais privados. (...) Vamos tomar cuidado com as festas de fim de ano e com as compras no comércio para que a gente possa melhorar os índices — solicitou.
Por fim, ela se disse assustada com os números atuais.
— Vamos colaborar para que possamos chegar em janeiro e ter um dado epidemiológico mais tranquilo — concluiu.