Reforma para quem?

Um assunto deixado de lado por um tempo voltou a tomar conta dos noticiários nas últimas semanas: a reforma da Previdência. Muita se fala, mas pouco se sabe de fato o que é, e o que irá impactar na vida do trabalhador brasileiro. E quando se fala em trabalhador brasileiro, e impacto, fala-se do pobre. Aquele que levanta às 5 ou 4h da manhã, sai de casa, enfrenta um trânsito infernal, muitas vezes o transporte público lotado, para ganhar míseros R$ 988. Ou ainda, aquele que enfrenta tudo isso para ganhar menos do que dois salários mínimos por mês e levar o pão de cada dia para casa. É justamente este trabalhador, que é a maioria no Brasil, que será afetado diretamente pela tal reforma da Previdência.

Articula-se daqui, articula-se dali, e a coisa volta e meia para. Altera tempo de idade para aposentar, tempo de contribuição, mas a coisa não anda, não vai para frente. Por que será? Será que esta reforma é tão boa quanto foi a trabalhista? Reforma que prometia trazer mais empregos para o Brasil, ajudar na economia, mas teve como único resultado apenas tirar direitos do trabalhador e abrir brechas para os empresários corruptos. Se antes era necessário apresentar o recibo do saque do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para dar entrada no seguro desemprego, hoje isso não é necessário mais, permitindo ao empresário depositar ou não o direito trabalhista. E no fim das contas quem sai no prejuízo?

Sim! O Brasil é especialista em tirar mais e mais de quem já não tem nada. No dia 8 de fevereiro, o governo Bolsonaro publicou um decreto no Diário Oficial da União autorizando a transferência de mais de R$ 606 bilhões do Orçamento Fiscal e da Seguridade Social. Em outras palavras, este valor foi retirado de uma Previdência supostamente quebrada. E não! A culpa não é do Jair Bolsonaro (PSL). Ele não inventou a roda, e muito menos a reforma da Previdência. Porém, há de se questionar, no mínimo, tal conduta, pois a Previdência não será “reformada” porque está quebrada? Mas, é como diz aquele ditado, “atrás de morro, vem morro”. Atrás de boas intenções, como salvar o sistema previdenciário do país, com certeza há um inferno, assim como teve a reforma trabalhista.

Advogados previdenciários tentam explicar de todas as formas como será feita essa reforma, jornalistas escrevem todos os dias sobre ela, e políticos tentam passar a impressão de que será bom para o país. Mas, ao que tudo indica, essa é apenas uma maneira para que malas cheias de dinheiro continuem em apartamentos e circulando pelos aeroportos do Brasil, fazendo com que a população amargue sem direitos previdenciários, trabalhistas, sem educação, segurança pública e saúde. Sem sombra de dúvidas, o Brasil não é para amadores. Sem sombra de dúvidas, a mamata está longe de acabar. E, sem sombra de dúvidas, quem continuará sustentando este sistema corrupto é o trabalhador, que se vira nos 30 para levar a vida.

O pobre que se prepare, porque vai ser com o seu suor que os engravatados continuarão com suas vidas, em seus escritórios com ar condicionando, desfrutando do bom e do melhor. Todos, sem exceção!

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