Reféns do medo

A violência voltou a assustar a população divinopolitana. No fim de semana foram dois assassinatos. Porém, apesar do alto número de homicídios, 59 contra 61 de 2017, o latrocínio não é comum. O que se vê são homicídios registrados por briga entre gangues, disputando o espaço para o tráfico de drogas. E, justamente por não ser comum, o latrocínio registrado já deixou a população em alerta. Infelizmente, Divinópolis aos poucos vai sendo tomada pelo crime. O sossego da praça do Santuário é lenda. O local foi tomado por andarilhos, usuários de drogas, fazendo com que as famílias deixaram de frequentar o espaço. O que há 10 anos era um lugar de lazer, hoje só dá medo. Mesmo a Polícia Militar (PM) fazendo constantes operações, os bandidos insistem em levar o medo para o local.

Se andar nas ruas da cidade requer atenção redobrada e todos os sentidos em alerta, sentar em um barzinho durante a tarde de um domingo também exigirá. O sossego está sendo ocupado pela ousadia dos criminosos. Um homicídio registrado em plena luz do dia, domingo, 9, no bar Armazém comprova isso. O local é frequentado por gente de todas as idades e classes sociais. No domingo à tarde, a região de bares é uma das escolhidas por vários divinopolitanos que querem assistir um jogo de futebol, tomar uma cerveja gelada com amigos e familiares e curtir um momento de lazer. Porém, neste domingo foi diferente. O pânico tomou conta da hora de lazer.

Um homem foi assassinado e outro ferido em meio aos frequentadores. O sobrevivente foi encaminhado para a Unidade de Pronto Atendimento Padre Roberto (UPA 24h), e correu nos grupos de WhatsApp que os criminosos pretendiam ir até a unidade de saúde para matar o ferido. Pronto! Não se pode mais andar nas ruas, ir à praça, sentar em um barzinho, e muito menos procurar atendimento médico na UPA. A ousadia dos bandidos em Divinópolis vem se tornando algo rotineiro. Afinal, quem não se lembra do homem assassinado na Unidade de Pronto Atendimento, no dia 6 de setembro de 2017? Agora são tiros no Centro da cidade sem olhar a hora ou temer o movimento.

E não há sistema de segurança de última geração que garanta que o divinopolitano volte para casa sem medo. Você pode sair para um bar em uma tarde de domingo e ser atingido por uma bala perdida. Estar andando pelo seu bairro, ser roubado e, e em seguida, assassinado. Voltando para casa, depois de um longo dia de trabalho e ser assaltado. Ou,  estar na própria casa, e alguém entrar lá para te roubar. As grades estão para todos os lados. Os seguros de veículos aumentam a cada dia e os de vida também. Andamos nas ruas de Divinópolis e o que vemos são reféns do medo, da violência e da insegurança.

O Estado falhou em sua missão de proteger o cidadão. O crime organizado, o tráfico de drogas cada dia ganham mais e mais espaço na sociedade. A população recorre às empresas de segurança privada, mas nada é capaz de garantir que o final de semana será apenas mais um de paz; que a volta para a casa será apenas mais uma normal ou que a caminhada pelo bairro será apenas mais uma caminhada. O povo agora é nada menos do refém da criminalidade e conta com a sorte para que hoje seja apenas mais um dia normal.

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