Realidade crua

Às vezes passamos por algumas situações e temos a sensação de já ter visto ou vivido aquele momento. Especialistas explicam que isso ocorre devido a uma troca de informações do cérebro. Isso é um déjà-vu, que surgiu no século XVIII na França. Porém, no caso do Brasil, é um choque de realidade. Os problemas se repetem todos os anos em períodos específicos, como os estragos da chuva e as epidemias. A gente não tem a sensação de ter vivido, vivemos tudo de novo! Passou da hora de o povo pleitear junto aos responsáveis os seus direitos, ou melhor, exigir, porque todo mundo já está cansado de pedir, se humilhar, esperar e nada é feito.

Esperança?

Ontem, 19 de novembro, foi o dia da bandeira. Data bastante comemorada e exaltada em outros tempos. Atualmente, é exceção comemorar nas escolas, como faz o Colégio Tiradentes da Polícia Militar. Poucos se arriscaram a exaltar a importância deste símbolo nacional. Alguns vereadores na reunião da Câmara fazem parte deste pequeno grupo. Discursos carregados de saudosismo e esperança. Certíssimos. Afinal, se não houver crença em um futuro melhor, pode-se “jogar a toalha”. Mas, vocês hão de convir que está difícil ter esperança no Brasil diante de uma classe política de péssima qualidade, uma das mais desqualificadas que a história já registrou. Falo isso se nenhum medo de errar. Claro que existem exceções, mas encontrá-las é o mesmo que acertar na loteria.

Sem rumo

Não é à toa que a letargia parece dominar boa parte da população quando se trata de fiscalizar e cobrar do seu representante. Para esta parcela da população é o mesmo que “dar murro em ponta de faca”. Já percebeu que todo esforço não dá em nada. Isso explica porque ninguém faz questão de assistir às reuniões da Câmara, participar de audiências públicas, mesmo que o assunto seja do seu total interesse. Isso é determinante para a enorme desesperança que os domina quando tentam, teimosamente, pensar de maneira otimista em relação ao futuro. Sem rumo, a população se tornou incapaz de um consenso mínimo que se torne capaz de direcionar uma ideia de rumo para o Brasil. Triste constatação, mas real.

Sempre ela

Se tem uma palavra que não sai da boca de ninguém, principalmente da Justiça, é a corrupção. Impregnada em todos os meios, dificilmente será vencida. Para se ter uma ideia dos estragos causados por ela, estudo recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que cada R$ 1 desviado por esta prática representa um dano para a economia e para a sociedade de R$ 3. O não recolhimento de impostos, e os empregos e o desemprego, por exemplo, entram nesta conta. E isso, sem números exatos porque, segundo o órgão, não é possível mensurar exatamente qual é o prejuízo total causado à sociedade. Imagine o rombo, já que evidências mostram a prática como comum neste país, desde que Portugal descobriu estas terras. A diferença é que agora é escancarada e os corruptos deixam rastros.

É quem paga

E, como de praxe, a conta sobra para os menos favorecidos. Os larápios ficam de boa, sem punição e gastando os vultuosos desvios. Um exemplo de que a conta chega para quem não deve é que o governo passará a cobrar contribuição previdenciária de quem receber seguro-desemprego. O secretário de Previdência do Ministério da Economia, Rogério Marinho, já mandou avisar que a contribuição vai variar de 7,5% a 11%, e a medida permitirá ao beneficiário contar o tempo de recebimento do benefício para a aposentadoria. A medida provisória já foi assinada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), mas só começará a valer em 90 dias. A cobrança previdenciária de quem recebe seguro-desemprego pode render ao governo entre R$ 11 bilhões e R$ 12 bilhões. Ótimo. E para o desempregado, o que irá render? Dor de cabeça e tristeza por não ter como se sustentar ou sustentar sua família.

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