Real ou virtual?

Editorial 

A inovação na tecnologia mundo afora vem crescendo de forma temível e, com ela, de maneira proporcional, a quantidade de pessoas antenadas com as mudanças. Quando se trata de internet, então, a coisa ganha uma proporção sem dimensões. Ao ponto de alguns anos para cá, de tanto viver mergulhada no mundo virtual, muita gente já não consegue distingui-lo do real. Parte deste público, na maioria das vezes, por desconhecer o que de fato é verdade ou mentira. A prova disso é que as fake news chegaram com força total e têm sido responsáveis em destruir carreiras, empresas e relacionamentos.

O problema se torna ainda pior porque empresas, youtubers e demais que vivem destas plataformas oferecem ao usuário apenas o que ele quer clicar, criando ilhas de opiniões. Aliado a isso, há a falsa sensação de que o mundo inteiro pensa como elas, já que não são confrontadas com outras ideias. Porém não é bem assim, e é aí que começam os confrontos,  as baixarias e as notícias falsas.

E estas mentiras propositais nunca estiveram tão presentes e evidentes como em   períodos eleitorais. Um exemplo foram as últimas eleições presidenciais em 2018 e que rendem até hoje. Foram parar na corte maior da Justiça brasileira, o Supremo, algumas pessoas foram presas e outras seguem sendo investigadas. No entanto, este ambiente hostil está disseminado em todos locais, setores, ambientes, e não se resumem apenas a grandes nomes da política e personalidades no país. Nestas eleições municipais, a começar por Divinópolis, servem de exemplo. É candidato fingindo ser o que não é, mentindo sobre si mesmo, sobre os concorrentes e, principalmente, para a população.

E tudo onde? Nas redes sociais, do outro, na frente de uma tela de computador ou celular. Mas, não é só isso. Vale gestos pra lá de esquisitos, recitar poemas, cantar, dançar. Haja criatividade. Muitas vezes, palhaçadas. Em meio a tudo isso, uma constatação: definitivamente, boa parte dos candidatos à reeleição, ou os de primeira viagem, não está preparada para aproveitar e utilizar estas mídias em suas campanhas. E pior: tem milhares de internautas/eleitores que acreditam, mesmo sem conhecer e sem nunca ter se encontrado com o fulano ou beltrano pessoalmente.

Simplesmente ignoram o fato de o tête-à-tête ser fundamental nesta hora, visto que nem antes do “boom” da internet, quando a sola de sapato eram os vídeos de hoje, os políticos cumpriam as promessas. Imagine agora, quando as campanhas eleitorais começam ainda durante os mandatos.

Difícil dizer quem é pior: o candidato que se esconde atrás de uma câmera e acha que é suficiente, ou o eleitor que acredita sem ao menos saber quem ele é direito. E, caso ele seja eleito, como serão as reivindicações e as cobranças? Por meio de mensagens eletrônicas, vídeos? De quem? Se as pessoas são capazes de acreditar e seguir personagens virtuais criados para representar uma empresa?  Por que será que o povo apanha tanto e não aprende? Tanta ignorância real e virtual não são compatíveis com esse avanço desenfreado da tecnologia.

Tem alguma coisa que não bate.  E realmente, talvez não estejamos dando conta  ainda de diferenciar o que é certo, o que é errado, o que agrada, o que fere e, especialmente, caracterizar o real do virtual.

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