Rainha e padroeira

Augusto Fidelis

Na próxima segunda-feira, dia 12 de outubro, celebra-se o feriado nacional em honra de Nossa Senhora Aparecida.  A data foi instituída pela Lei 6.802, de 30 de junho de 1980, mesma data em que pisava o solo brasileiro, pela primeira vez, o papa João Paulo II, sendo recebido pelo então presidente, João Figueiredo, ministros e demais autoridades da época, além de milhões de pessoas em várias partes do país.

A imagem de Nossa Senhora Aparecida, venerada no Santuário Nacional, inicia sua história no meio de nós em 1717, quando foi encontrada por pescadores no rio Paraíba do Sul. Trata-se de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, mas esta, especificamente, recebeu o título de Aparecida, dado pelo povo, e assim permanece. 

Até 1904, a imagem não usava nem manto e nem coroa, da forma que a conhecemos hoje. Essa parte da história começa em 1868. Nessa ocasião, a princesa Isabel, que estava casada há quatro anos e não conseguia dar um herdeiro para o trono, foi a Aparecida com o marido, o Conde d’Eu, varreu a igreja e colocou os ciscos no seio e pediu a Nossa Senhora um filho. Na ocasião, ofereceu-lhe um manto azul de veludo, bordado com fios de ouro e prata.

Dezesseis anos depois, em 1884, Isabel voltou a Aparecida e, além do marido, levou seus três filhos: dom Pedro de Alcântara, dom Luiz Felipe e dom Antônio. Nessa visita, presenteou Nossa Senhora com uma coroa de ouro e diamantes, além de uma almofada bordada em prata e ouro com os brasões do Brasil e Portugal. A coroa mede 14 centímetros, 300 gramas de ouro 24 quilates e 40 pedras de diamantes.

No dia 21 de dezembro de 1903 o papa Pio X autorizou a coroação da imagem, o que aconteceu em 8 de setembro de 1904, na Basílica Velha. Princesa Isabel não pôde participar do evento, porque a família real havia sido expulsa do país em 1889, após a proclamação da República. Somente em 1930, Nossa Senhora Aparecida foi declarada rainha e padroeira do Brasil, pelo papa Pio XI, e recebeu oficialmente o manto azul, que representa a realeza celeste a serviços dos filhos de Deus. Em 1920, o presidente Epitácio Pessoa revogou o ato de expulsão da família real, mas princesa Isabel morreu em 1921, na França. 

Por um longo tempo, padre Vítor Coelho de Almeida manteve um programa na Rádio Aparecida, “Os ponteiros apontam para o infinito”, e foi um baluarte na divulgação da devoção à padroeira. Foi ele o principal incentivador da queima de fogos ao meio dia, tradição que se mantém, principalmente nas cidades menores. Em Divinópolis continua, embora tenha perdido um pouco do vigor, devido a uma série de fatores, inclusive segurança, mas o amor a Nossa Senhora está mais vivo do que nunca. Salve Maria!

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