Queimadas ainda preocupam

Número de ocorrências já supera saldo do ano passado

 

Rafael Camargos

Quem passou pela avenida JK, na região do Hospital Santa Lúcia, por volta das 9h, ficou abismado com cena em um terreno vago em frente ao estacionamento ao lado da unidade de saúde. Chamas de quase um metro altura consumiam o restante do capim seco num barranco e pouco acima dele.

O local, além de ter trânsito intenso, fica bem próximo a casas e um prédio construído logo à frente. Além disso, uma cortina de fumaça com resto de fuligem tomou conta de boa parte da avenida e locais próximos, levando riscos de acidentes à via e também a pacientes internados ou à espera de atendimento no hospital.

Mas, infelizmente, esta prática não se resume à ocorrência de ontem. Por toda cidade e na zona rural, os incêndios são diários. Na maioria das vezes causados pelo homem e ameaçam matas, nascentes e rios.

O resultado é o comprometimento total do ar, caindo à umidade assustadoramente e comprometendo a saúde.

Drama

Uma ocorrência semelhante foi vivida na pele por Fernanda Ferreira na última semana. Ela chegou em casa e se deparou com as chamas no lote vago vizinho consumindo o seu quintal.

Ela tentou apagar o fogo junto com o marido e os funcionários, mas teve que sair de casa com a filha depois de algum tempo. Ao Agora ela contou que acionou o Corpo de Bombeiros, porém os brigadistas, por estarem em outra ocorrência, disseram a ela que saísse de casa com a família.

— Foram momentos de tensão. O fogo se alastrava rapidamente e meu esposo tentava, junto com o caseiro, apagar as chamas. Peguei minha filha e saí de casa. As labaredas pegaram na grama da frente, indo até a parede — relatou.

Bombeiros 

O que ocorreu há alguns dias com Fernanda já se tornou rotina nas ocorrências atendidas pelos bombeiros. O cabo Guilherme Silva explica que o período de estiagem que ocorre nesta época do ano contribui para o aumento no número de queimadas. Grande parte dos registros é em lotes vagos, onde, para acabar com a vegetação em loteamentos, as pessoas colocam fogo, mas acabam perdendo o controle, fazendo com que as chamas se alastrem.

— A primeira coisa é não colocar fogo em lotes vagos e não soltar balões. É importante também tomar cuidado com cigarros em áreas rurais e com fogueiras em acampamentos. Caso se depare com queimadas denuncie no 192 — orientou.

Alerta

No período em que são registrados valores baixos de chuva, a atmosfera torna-se mais seca, podendo atingir índices de 20% ou inferiores em alguns dias. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe),  até julho foram contabilizados 880 focos de incêndios em Minas Gerais. Mas é a partir do segundo semestre que essa prática aumenta e causa ainda mais prejuízos à população, à fauna e à flora.

Divinópolis já teve um aumento considerável no número de registro de queimadas, superando o ano passado, com cerca de 130 ocorrências. No mesmo período do ano passado foram 65.

 

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