Que país é este?
Escândalos! Muitos escândalos! Roubos! Muitos roubos! Falcatruas que não têm fim. Serviço de saúde estrangulado, o ensino acabado, estradas esburacadas e empoeiradas. Violência, assassinatos, estupros, proteção aos marginais e abominação das vítimas. Diante de tantas injustiças repetidas, o que fazer senão repetir o grito de Castro Alves: "Deus! Ó Deus! Onde está que não respondes? Em que mundo, em que estrela tu te escondes embuçado nos céus? Há dois mil anos te mandei meu grito, que embalde desde então corre o infinito... Onde estás, Senhor Deus?"
Deus, porém, continua fazendo chover sobre os bons e os maus, não que mereçam, mas porque tanto um como outro necessitam da sua misericórdia. No mais, o Altíssimo já enviou aos homens e mulheres dez mandamentos, resumidos em dois por Jesus: "Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo". E amar ao próximo inclui: não roubar, não matar, não levantar falso testemunho, não desejar a mulher ou o marido da próxima.
Há 517 anos este pedaço do Novo Mundo resiste à gatunagem de suas riquezas. A desejada independência do jugo de Portugal não se resumiu ao grito de Dom Pedro I à margem do Ipiranga. Muitas vidas foram ceifadas, muitos brasileiros deram o sangue pelo sonho de fazer do Brasil uma grande nação entre as nações. No entanto, tudo parece ter sido em vão, porque os ladrões daquela época deixaram sucessores, que continuam roubando e se enriquecendo, em prejuízo de todo um povo.
Imagine caro leitor, estimada leitora, se todo esse dinheiro encontrado em malas e caixas ou nas inúmeras contas no exterior fosse empregado na criação de empregos, na melhoria da educação, no equipamento dos instrumentos de saúde, na produção de alimentos, no desenvolvimento do esporte, na valorização da cultura, no reflorestamento de nossas matas e na proteção da fauna e da flora! Mas, enquanto aqueles que ocupam o poder não sabem onde colocar tanta grana, milhões padecem pelo abandono do poder público. Brasil! Que país é este?
O que se passa em Brasília se repete Brasil afora. Nunca houve tanta mortalidade de jovens como na atualidade, daqueles que se iludem com a possibilidade de dinheiro fácil, da mesma forma que conseguem os mais graduados. Tenho o pressentimento de que a qualquer hora vai surgir um escândalo ainda maior, um incêndio de exterminar vilas e cidades. Braseiros há em várias partes. Basta uma lufada de vento para que as labaredas se levantem impetuosas e arrasadoras. Quem viver há de presenciar essas coisas!
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