Quando a arte imita a vida

Jorge Guimarães

Um estudo realizado por finlandeses e publicado pela The Lancet, em 2017, aponta os benefícios da música no tratamento de doenças. A pesquisa mostra que, seja ela cantada, ouvida ou até mesmo tocada pela pessoa, estimula várias partes do cérebro. Além disso, os ritmos alteram a pressão e os batimentos cardíacos, que podem melhorar a circulação sanguínea e a irrigação cerebral.

‘O Sol’

O cantor Vitor Kley, natural do Rio Grande do Sul, teve a canção “O Sol” entre as músicas mais tocadas de 2018. Em fevereiro do ano passado, o cantor realizou um show da sua turnê em Brasília, que entrou para a história da sua carreira e para outras milhares de pessoas. Quem não se recorda da pequena Anna Luísa Alcântara, que encantou o Brasil após a viralização do seu vídeo que registra o encontro emocionante da menina de cinco anos com o seu ídolo?

Estímulos da música

Aos quatro anos de idade, a brasiliense foi diagnosticada com câncer no cérebro. A remoção do tumor foi um sucesso, entretanto, a doença já tinha se espalhado para a coluna. A criança chegou a ficar vários dias em coma em decorrência da doença, e, segundo a família, “O Sol” era cantada para ela diariamente, o que, de acordo com a equipe de enfermeiras, mostrava que Anna sempre reagia aos estímulos provocados pela música.

Do outro lado do Atlântico

A história ganhou repercussão internacional, chegando a terras portuguesas.

 — Já estava morando em Portugal quando conheci a história da Anninha, através de um amigo português. Por vários dias, fiquei pensando naquela criança, até que comecei a pesquisar matérias sobre ela. Foi, literalmente, uma madrugada acordado. Quando ouvi a história do coma, pensei imediatamente: Ela é a bela adormecida — exclamou o escritor divinopolitano, hoje com residência no Rio de Janeiro, Gusttavo Majory. 

Obra

Assim nasceu o livro “Anninha Adormecida, o Sol e o Príncipe Davi”, uma história emocionante.

— Apesar de inicialmente ter tomado como ponto de partida a história da Bela Adormecida, a narrativa vai muito mais além. Quis trazer o amor da amizade verdadeira e da família. A busca incessante de um irmão mais velho para salvar sua irmã mais nova. Tenho certeza que vai emocionar a todos, porque foi feito com muito amor — conta o autor.

Luta

Após dois anos de luta contra a doença, com apenas seis anos, no dia 26 de setembro de 2019, o Brasil voltou a se emocionar ao receber a notícia que a pequena Anna Luísa Alcântara não resistiu aos tratamentos.

— Estávamos todos felizes com o projeto, eu de volta ao Brasil me programando para ir conhecer de perto todos quando recebi a notícia da morte. Confesso que não foi fácil. A editora ficou em luto. Todos os envolvidos também. Pensamos em desistir do projeto em respeito à família, mas algo parecia ser maior. Hoje esse livro representa que a Anna estará sempre nas nossas vidas. Ela se tornou o símbolo de persistência. O símbolo de uma vida melhor — recordou Gusttavo.

Esperança

O livro fará parte do catálogo social de obras da “Meus Ritmos Editora”, em que o autor abre mão de receber os direitos autorais com objetivo de levar a luz do sol para as crianças que realizam o tratamento do câncer.

— Assim como “O Sol” despertou a Anna Luísa de um sono profundo, sua história deu esperança a muitas outras pessoas. E, além do livro, a campanha da luta contra o câncer infantil ganhará um curta-documentário para a doação de cabelo para os hospitais do câncer. O filme conta com a participação de empresas divinopolitanas, como a Michelle Santos Fotografia, a “Meus Ritmos Editora” e Produções Artísticas e a barbearia Vintage Club. A trilha sonora será composta pelos mineiros de Juiz de Fora Marcos Falcão e Fernanda Ca, tendo seu lançamento ainda neste ano, com data a ser marcada — detalha o divinopolitano.

Pré-venda

Quem quiser adquirir o livro precisa acessar o link https://www.catarse.me/anninha e seguir as instruções.

— Seguindo nosso projeto, vamos entrar em contato com a Fátima Bernardes para que talvez sejamos recebidos no programa dela. Pois em 15 de fevereiro é comemorado o “Dia Internacional de Luta Contra o Câncer na Infância” e queremos lançar a nossa campanha lá, pois nossa intenção é de levá-la até o dia 23 de novembro, em que ocorre a comemoração nacional. Queremos passar o ano inteiro em prol dessa luta — afirma Gusttavo. 

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