Qualidade de vida

Leila Rodrigues 

Qualidade de vida é um dos itens mais desejados pelo ser humano atualmente. O planeta inteiro quer qualidade de vida. O homem busca mais qualidade de vida. Porém, qualidade de vida é algo muito relativo. Quando se é jovem, qualidade de vida é não perder nenhuma balada, ter o corpo sarado, viajar, correr o mundo, praticar em grande escala atividade sexual, fazer as melhores selfies e o ter todos os likes.

Passada esta temporada, a pessoa entra na fase da construção. É quando fazemos de tudo para chegarmos a algum lugar. Lugar este que às vezes não sabemos qual é, mas lutamos mesmo assim. A fase do Superman e da Mulher-Maravilha. Neste momento qualidade de vida é dar conta do trabalho, da faculdade, do inglês, da atividade física, de ler todos os livros, assistir todas as palestras, entender do mundo digital, animal, ambiental, musical, cultural e, claro, do mundo dos negócios. Ufa! Só de pensar já fiquei cansada! É comum também nesta fase a constituição da família e a chegada dos filhos. Tudo junto e misturado. E a qualidade de vida afogada no meio de tudo limitada a algumas folhas de alface na refeição e atividade física duas vezes por semana. Cada um com seu conceito.

Isso gera cansaço e apatia. Onde está mesmo a qualidade de vida depois de tanta construção? Neste momento ele começa a se questionar se valeu realmente a pena tanto esforço.

Aí sim a pessoa vai pensar de verdade em qualidade de vida. Conforto e sossego se tornam vitais. Faz uma lista de tudo que ele sempre teve vontade de fazer e nunca priorizou. Afinal, na lista de prioridades só havia lugar para a razão. A lista do coração era classificada como supérfluo.

Natação, yoga, tai-chi-chuan, descer uma cachoeira em um caiaque, voar de parapente, escrever um livro, comprar um sítio, praticar snowboard, cantar no coral, tocar bateria, falar francês, dançar flamenca, viver.

Agora o problema é outro, o dia ficou pequeno para tantos sonhos. Uma vez que a razão já cumpriu seu papel, qualidade de vida significa então  atender aos desejos do coração.

E haja coração! Aliás haja coração, haja pressão arterial, haja colesterol, haja Gama GT, haja fôlego e sobretudo haja alegria de viver. Afinal, sem saúde e disposição os sonhos voltam cabisbaixos para a gaveta... E a velha mobília que os comporte.

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