Pulverização à vista

Editorial 

A política de Divinópolis, sem sombra de dúvida, é bastante peculiar, assim como a cidade. Nas eleições de 2016, o que mais se viu e se ouviu foi gente pedindo renovação política. E, como diz o ditado “A voz do povo é a voz de Deus”, o pedido foi atendido. A população renovou a Câmara praticamente inteira. Apenas cinco vereadores conseguiram se reeleger. O povo escolheu 12 novos representantes, e elegeu, para o Executivo, Galileu Machado (MDB), provando que aquele outro velho ditado “o povo tem memória curta” também é verdadeiro. Afinal, como em um passe de mágica, houve uma grande mudança, e a expectativa era, sim, de dias melhores, por que não? Afinal, não é este o pensamento quando há mudanças em algo que não está trazendo resultado? Mas o que torna tudo isso muito peculiar é o fato de que Divinópolis é a cidade em que o povo e até mesmo alguns políticos “palanqueiros” pedem renovação, mas trabalham justamente ao contrário.

O cenário político começa a se formar na cidade e, ao que tudo indica, mais uma vez Divinópolis terá inúmeros candidatos ao Executivo. Estima-se por aí que, dos atuais 11 nomes colocados à disposição, pelo menos seis devem entrar na disputa. O que isso fará com o município? Nada mais nada menos do que a pulverização, ou seja, a dispersão de votos. E quem sai ganhando com a situação? Ninguém mais nem menos que Galileu Machado, como ocorreu nas últimas eleições. Sim! Tal situação favorece apenas o atual prefeito, que já não tem a mesma liberdade de sair às ruas, como anteriormente. O “boom” nas redes sociais de gente que acha que é político ou entende de política, de pré-candidatos ou mesmo atuais políticos contribuiu significamente para isso. Visto que o que não faltam são críticas ao prefeito e à gestão. Boa é parte, é claro, jogada política em mais um ano que o cenário o favorece. 

O que mais intriga em tudo isso é: afinal, por que tanta muita gente quer a Prefeitura? Ego, vaidade, desejo pelo poder? Mesmo sendo críticos assíduos da atual gestão, os pré-candidatos trabalham única e exclusivamente para um resultado: a reeleição de Galileu. É inegável que o atual prefeito tem o seu reduto eleitoral e que os seus votos absolutamente ninguém, mas ninguém tira! Com a pulverização dos votos, Galileu poderá estar comemorando a vitória antes mesmo do dia 15 de novembro. Diante disso vem a pergunta: por que em Divinópolis é assim? Não há articulação política? A vaidade dos pré-candidatos é tamanha que eles não conseguem abrir mão do pleito, em nome da tão sonhada renovação? Será que o projeto deles é pessoal ou é em nome da coletividade? Tais questionamentos precisam ser feitos pelo eleitor. Mas talvez o eleitorado esteja tão afoito pela mudança, pela renovação, que não se atém a este detalhe. Talvez a vontade de renovação seja tamanha que o eleitor seja incapaz de perceber que estão brotando postulantes ao cargo de todos os lugares da cidade e isso só embaralha o processo. 

Faltam pouco mais de 30 dias para a corrida à Prefeitura começar, e não precisa ser vidente para saber o resultado que as urnas trarão no dia 15 de novembro, caso Divinópolis faça o que sabe fazer: ser peculiar. Aqui é assim, à medida que o cenário político se forma, a sentença também. Assim que for dada a largada, todos saberão quem será o ganhador! 

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