Proposta de cortar salários de vereadores gera bate-boca na Câmara

 

Ricardo Welbert 

O vereador Rodrigo Kaboja (PSL) fez ontem um desafio aos colegas que se dizem favoráveis à redução dos salários dos parlamentares. Ele lembrou que os ganhos dos edis não são aumentados há duas legislaturas e propôs que os atuais que desejam economizar dinheiro público cortem da própria carne demitindo assessores.

— Todos os vereadores desta legislatura recebem salário bruto de R$ 10.645. O salário líquido, ou seja, o que cada vereador realmente recebe em sua queda, é de R$ 8,2 mil para cada. Hoje os marajás da Prefeitura poderiam estar recebendo R$ 50 mil por mês, mas eu tive o prazer de fixar o subsídio do prefeito em R$ 20.045, impedindo que eles aumentem os próprios ganhos. Se eu vencer a eleição, pois vou disputar, pretendo reduzir ainda mais os salários no Executivo — disse. 

Ainda segundo Kaboja, o valor do atual subsídio dos vereadores foi determinado na legislatura anterior, que manteve o valor vigente há 12 anos. 

— É exatamente o mesmo que se recebia no começo da legislatura passada e da outra também. Enquanto todos os salários de todos os servidores são reajustados, há cinco anos os salários dos vereadores não são diminuídos — acrescentou.

 Exibidos

 Kaboja também criticou o comportamento dos colegas que, segundo ele, gostam de se exibir com o discurso da redução dos próprios salários para economizar dinheiro público.

— Falam em redução visando economia. Isso é algo que qualquer um de nós pode jogar para a galera. Mas, apresentar uma proposta que corte na própria carne é que são elas. Não adianta nada o discurso virtual e a meia ação no mundo real. Por isso faço aqui um desafio aos nobres que falam em diminuir os salários: existe no mundo jurídico o que se chama de direito disponível, que é justamente a sua capacidade de abrir mão do que é seu de direito. Nada os impede de formalizar o desejo de abrir mão de todos os seus subsídios ou de parte deles — propôs. 

Pela lógica, diz Kaboja, ao fim de cada ano o valor não pago em forma de subsídios seria devolvido aos cofres do Executivo. 

— É simples agir no mundo real. Quem quer contribuir com a economia só precisa formalizar sua contribuição. Simples assim. Desafio aos nobres colegas a dispensarem ao menos três assessorias, que são o que mais pesa para a Câmara. Os assessores, juntos, ganham mais do que os vereadores que assessoram — justificou. 

O vereador também disse que em seus 12 anos de vida pública, não teve assessores em legislações anteriores.

— Nunca tive cargo comissionado, mas hoje eu tenho. Proponho que os nobres interessados em reduzir ainda mais o já desatualizado salário dos vereadores dispensem todos os seus assessores e trabalhem sozinhos. Isso seria maravilhoso para a população, que teria uma grande economia. Que façam essa importante contribuição ficando com poucos ou até nenhum assessor. Vamos, gente? Eu não vou mandar os meus embora. Agora: quem quiser fazê-lo, nada proíbe. Não se pode mexer no salário dos vereadores — disse.

Kaboja ainda convidou os eleitores que usam as mídias sociais para se dizerem a favor da redução dos salários dos vereadores venham para o que ele chama de “mundo real”.

— Pois é aqui que as coisas acontecem e mudam de verdade — finalizou. 

Demagogia

 O vereador Cleitinho Azevedo (PPS) criticou a sugestão de Kaboja.

— Se todo mundo devolver [o salário ou parte dele], eu devolvo — disse.

Ao perceber que Kaboja não estava mais em seu lugar à mesa no plenário, Cleitinho enviou uma indireta ao colega.

— Devolve o seu primeiro, demagogo. Eu não sou demagogo. Vem debater. Eu não fico de picuinha, indo à Prefeitura pedir cargos e legislando em causa própria. Eu faço valer meu salário muito bem, graças a Deus. Senta na cadeira. Vem pro pau. Quero ver se é homem pra sentar na cadeira e vir pro pau — finalizou, quando Kaboja já estava de volta ao plenário e conversava com a vereadora Janete Aparecida (PSD).

 

 

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