Professores e alunos da Uemg em Divinópolis param hoje

Ricardo Welbert 

Professores da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) em Divinópolis planejam paralisar as atividades acadêmicas hoje, em protesto contra atrasos nos pagamentos a prestadores de serviços e fornecedores terceirizados. Em assembleia na noite de ontem, estudantes definiram o apoio aos docentes. Um ato está marcado para as 19h de hoje, em frente à instituição.

O Agora conversou ontem com um professor da unidade local. Ele, que pediu para não ter o nome divulgado, explica como é a divisão de contas a pagar na instituição.

— Por aqui ainda existe a figura da Fundação Educacional de Divinópolis, a Funedi. Os salários dos professores são pagos pelo caixa do Governo Estadual. Já os pagamentos de serviços terceirizados (como faxina e segurança) e os insumos necessários à manutenção administrativa (com dinheiro para comprar papel de impressão, insumos de informática, café, açúcar, papel higiênico e contas e água, por exemplo) são feitos pela fundação. Normalmente, o Governo de Minas repassa esse dinheiro à Funedi. Mas ele não tem vindo — detalha.

Com isso, várias contas administrativas estão em atraso. Profissionais que prestam o serviço patrimonial já alertaram sobre a interrupção da vigilância em decorrência disso.

— Se não tiver a equipe de segurança patrimonial no campus e alguém roubar um equipamento, por exemplo, a diretoria seria responsabilizada — pontua o professor.

A reportagem apurou também que a empresa responsável pelo banco de dados virtual da instituição (o chamado "WebGiz”, por onde professores divulgam notas dos alunos) também já enviou ofício ao Governo de Minas dizendo que vai interromper o fornecimento de internet à Uemg por falta de pagamento.

Geral

A realidade narrada pelo professor de Divinópolis reflete o que se percebe nas outras unidades. Segundo a Adauemg, seção sindical dos docentes da instituição, a dívida do Estado com a instituição está na casa dos R$ 14 milhões. A necessidade de complementação orçamentária é de R$ 30 milhões para a conclusão das atividades anuais.

Outros lados 

Procurada ontem pelo Agora, a diretoria acadêmica da Uemg em Divinópolis informa que reconhece o movimento dos professores e que conta com a adesão dos estudantes da unidade.

— Os setores administrativos da unidade estarão funcionando nestes dois dias de paralisação — ressalta.

Já a direção geral da Uemg, em Belo Horizonte, reconhece situação econômica “séria e que se agravou nos últimos tempos”.

— Temos um orçamento para 2018 que já foi aprovado com cortes em relação ao do ano anterior, além de ter sofrido contingenciamentos, sendo insuficiente para cobrir todos os custos da instituição neste ano. Além disso, em decorrência da situação financeira do Estado, a liberação dos recursos previstos no orçamento, alguns deles ainda relativos ao ano de 2017, não tem ocorrido com a periodicidade necessária, ocasionando prejuízos às unidades e para a universidade como um todo — diz.

Ainda segundo a Uemg, em nenhum momento foi levantado o risco à sobrevivência de qualquer unidade.

— A reitoria reafirma seu compromisso de continuar desenvolvendo todas as negociações possíveis com os órgãos competentes do Estado, na busca de soluções para a atual crise e de medidas que confiram maior estabilidade à instituição — finaliza.

O Governo de Minas ainda não se pronunciou. 

 

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