Professores clamam por solução na Câmara

 

Maria Tereza Oliveira

A educação mais uma vez foi pauta da reunião da Câmara. Embora ela tenha sido mais curta, devido à morte do pai de um dos vereadores. Mesmo assim, o clima na Casa foi tenso. Servidores da educação mais uma vez lotaram a Câmara para pedir apoio aos vereadores.

Os educadores estão com salários atrasados há pelo menos dois meses e, por isso, entraram em greve no início deste mês. Ontem, a categoria tirou o dia para protestar, seja com a presença massiva na Câmara, ou com a aglomeração em frente à Prefeitura com o apoio dos pais de alunos.

O motivo da greve é o atraso dos salários e o parcelamento dos mesmos. No início do mês, os professores adotaram a operação “tartaruga” e, visto que não foi suficiente, paralisaram todas as atividades.

A greve inicialmente estava marcada para acontecer durante 120 dias, porém foi avisado que ela só teria fim quando os salários fossem pagos de forma integral. Ela é consequência dos atrasos dos repasses do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) do Estado para o Município.

Confusão

Voltando à Câmara, o clima começou a desmoronar logo no início da reunião. Com a ausência do tribuno inscrito, outro cidadão quis usar a tribuna para falar sobre geoprocessamento x salários dos professores.

O presidente em exercício, Josafá Andernson (PPS), informou que isso seria contra o Regimento Interno da Casa, porém, consultou os funcionários para confirmar.

Após constatar que não seria possível, o cidadão entrou no plenário e se dirigiu a mesa diretora, onde mostrou um papel para o presidente. Ele foi retirado e a situação foi explicada para o cidadão.

Black Friday na política

O único vereador a pedir a palavra foi Cleitinho Azevedo (PPS). Na ocasião, ele reforçou a importância de investir na educação. De acordo com o vereador, o atraso no repasse do Fundeb não deveria ser motivo para não pagar os servidores.

— O Fundeb é para dar assistência para a Educação Básica, mas a responsabilidade de pagar os salários é do Município — afirmou.

Negociação

O diretor de comunicação do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis (Sintemmd), Gleidson Rogério de Araújo, revelou ao Agora que durante o ato na porta da Prefeitura, os professores manifestaram o desejo de conversar com o prefeito Galileu Machado (MDB).

— Ele não nos atendeu, mas falamos com os secretários da Fazenda, da Administração e do Governo, além de tesoureiro e contador. A conversa não foi muito produtiva e continuamos na mesma situação — lamentou.

Professores

Enquanto isso, a situação financeira dos servidores da educação continua se agravando. A reportagem ouviu a professora Joana Angélica de Sousa que atua no Centro de Educação Infantil (Cmei) Isauro Silva revelou que o último salário que os professores receberam em dia foi referente a julho, que foi pago em agosto.

— Estou começando a viver de favor dos familiares, mas eu fico pensando em quem não tem um ombro para chorar — lamentou.

Alternativa

O homem do governo na Câmara, Rodrigo Kaboja (PSD), comentou a situação. Ele afirmou que teve as expectativas frustradas, pois achavam que o Estado depositaria uma quantia significante para que pudessem repassar aos vereadores. Todavia, só foi recebido R$ 78 mil.

— Somando com o valor recebido, o caixa do Fundeb tem aproximadamente R$ 300 mil, o que é um valor irrisório — argumentou.

9º ano

Os salários atrasados, assim como em caso da greve se estender pode acarretar em desvantagens para os alunos. A principal seria a transição dos alunos que vão sair do Ensino Fundamental para o Ensino Médio.

O problema é que nas escolas municipais não tem o 2º grau e, os alunos do 9º ano, irão mudar de rede de ensino: Estadual, particular ou Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet).

Kaboja comentou a situação delicada.

— Os alunos do 9º ano precisam de uma solução. Para findar o ano letivo, faltam poucos dias. Tentei sensibilizar os professores e vou tentar interceder na Prefeitura, para que tenha uma negociação ao menos para solucionar o problema dos formandos — apontou.

 

Comentários