Print Jr. faz denúncias e Prefeitura contesta

Executivo condenou falas de vereador sobre máquinas e secretária; ele diz ter testemunhas

 

Ricardo Welbert

A Prefeitura de Divinópolis respondeu ontem a algumas críticas feitas pelo vereador Eduardo Print Júnior (SD) durante a reunião de terça-feira, 12, na Câmara. No pronunciamento, ele criticou o chama de “sucateamento de veículos no pátio da Prefeitura” e questionou a intenção do governo de leiloar veículos para terceirizar o maquinário. Procurado pelo Agora, Print Jr. disse ter visitado o local junto com dois colegas e conversado com mecânicos na frente dele. Pontuou que “nada foi aumentado” durante o pronunciamento na Câmara.

— Já há a informação de que consertar os veículos seria mais vantajoso financeiramente do que terceirizar a frota — disse o vereador na terça.

Ele também afirmou que servidores da Secretaria de Operações Urbanas (Semop) estariam sendo tratados de forma “arrogante” por Cláudia Abreu Machado, filha do prefeito Galileu Machado (PMDB) e responsável pela pasta. Segundo ele, a secretária não conversa com alguns trabalhadores.

Print Jr. também criticou o que chama de “isolamento de alguns departamentos do Executivo com base em estruturas hierárquicas ultrapassadas”.

Resposta

Em nota ontem, o governo diz que os problemas com maquinários citados pelo vereador não são verdadeiros. Ainda segundo a nota, no dia 25 de maio uma equipe da Semop explicou aos vereadores sobre o processo de recuperação das máquinas.

— No entanto o vereador Print Jr. não atendeu à solicitação para o comparecimento à reunião, não ficando informado da atual situação da frota de máquinas — declara.

Ainda segundo o governo, Cláudia Machado já havia relatado a situação encontrada pela atual administração quando assumiu o comando do governo, no início deste ano, e apresentou o cronograma de medidas que estão sendo adotadas.

— A Prefeitura de Divinópolis recuperou e continua o processo de reparo para colocar mais máquinas para atender aos serviços diários oferecidos à população. Parte do maquinário parado atualmente aguarda peças de reposição e, em breve, estará consertada para aumentar a capacidade de atendimento dos serviços. Em breve teremos na frota três patróis, quatro retroescavadeiras, duas carregadeiras, dez caminhões basculantes e cinco caminhões de carroceria — explica.

Para isso, a Semop aguarda o trâmite de processos burocráticos de licitação para compras, assim como esperou o de suplementação de dotação, conforme a lei.

— O município não aluga nenhuma máquina para atuação dentro do pátio. Nenhum equipamento com possibilidade de reparo será leiloado. É importante destacar que a avaliação sobre quais máquinas têm condições de serem aproveitadas ou leiloadas foi feita pelos próprios mecânicos da Prefeitura, que são os agentes mais qualificados para tal — acrescenta.

A secretaria garantiu que acompanha de perto a situação das máquinas e sabe das dificuldades encontradas no pátio, por meio de dois diretores e dois coordenadores e também pelo fato de a própria pasta ter sede no pátio.

Sobre os chamados “fundos de emergência” para pequenos reparos, a Prefeitura afirmou que eles não são indicados pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) e, por isso, não são adotados pela atual administração.

— Ao final da visita ao pátio, atribuição legal de um edil, o vereador também poderia ter se informado melhor e apresentar questionamentos identificados diretamente à secretária, bastando para isso procurá-la, o que não aconteceu. Tal cuidado teria poupado o vereador do anúncio de uma situação que não condiz com a realidade — conclui a Prefeitura.     

Tréplica

O Agora ouviu Print Jr. sobre réplica feita pelo governo ao discurso dele na Câmara. O vereador afirma não ter recebido qualquer tipo de convite para a citada reunião sobre a situação da frota da Prefeitura.

— Se eles protocolaram algum convite, eu não o recebi. Senão, teria comparecido. Fato é que esse governo não me respeita como vereador. Recentemente ocorreu um evento de formatura de alunos do Telecentro e todos os outros vereadores foram convidados, exceto eu — diz.

Sobre as críticas que fez sobre a frota, o vereador afirma que visitou o pátio da Prefeitura às 6h30 de segunda-feira, 11, acompanhado pelos vereadores Cleitinho Azevedo (PPS) e Sargento Elton (PEN).

— Eles estavam comigo o tempo todo e também ouviram dos mecânicos da Prefeitura exatamente as coisas que eu ouvi e repeti na Câmara. Nada do que eu disse no meu pronunciamento foi aumentado — pontua.

Print Jr. explica que não é contra os leilões de algumas máquinas.

— Alguns veículos no pátio realmente não têm condições de uso. A minha crítica é em relação a duas máquinas específicas, que os mecânicos nos disseram que ficaria mais em conta consertar do que leiloar para terceirizar. Segundo eles, uma delas custa R$ 75 mil e consertá-la custaria algo em torno de R$ 20 mil – relata.

Sobre a promessa da Prefeitura de aumentar a frota após reparos de alguns veículos que estão parados por falta de peças para reposição, o vereador faz um desafio:

— Se isso realmente acontecer e a Semop conseguir colocar essas máquinas aptas a rodar, vou aplaudir de pé. Mas quero saber quais funcionários a secretaria vai escalar par ao trabalho, pois durante a mesma visita à garagem nós ouvimos relatos de que alguns servidores que lá atuam estão com problemas de saúde, precisando de psicólogo porque não aguentam mais as condições de trabalho ruins e a falta de diálogo da secretária com eles — diz.

Sobre os “processos burocráticos de licitação para compras” que a Semop cita como motivo da demora para a suplementação de dotação, Print Jr. afirma que ela foi votada na Câmara tão logo chegou e que se houve demora que motivou o atraso na licitação, foi por parte do próprio governo.

Ele ressalta que em momento algum disse na Câmara que a Prefeitura aluga máquina para usar no pátio.

— Os servidores que lá trabalham nos disseram que por não haver concurso para obtenção de algumas máquinas, a Prefeitura estava pensando em vender algumas das que lá estavam e fazer a terceirização dos equipamentos. Desafio a Semop a nos dizer quem são os mecânicos que deram o parecer de que o melhor a fazer no caso daquelas duas máquinas é leiloar. Porque quando estivemos lá, ouvimos outra coisa — acrescenta.

Sobre a afirmação de que a secretaria acompanha melhor a situação por ter a sede instalada no pátio, Print Jr. disse, sem citar nomes, que dois diretores da pasta são malquistos pelos subordinados e que constantes desentendimentos entre os chefes e os trabalhadores fazem com que os operários cheguem ao local “tristes e resmungando”.

— Tudo isso por causa da falta de diálogo. Quando lá estávamos, em alguns momentos os diretores ficaram por perto para inibir os servidores de qualquer tentativa de nos contar o que realmente sentiam naquele momento — afirma.

Sobre os “fundos de emergência”, o vereador diz que a recomendação de que haja dinheiro disponível para a compra de peças avulsas é uma recomendação dos próprios mecânicos, pois quando se faz uma licitação apenas de algumas peças específicas, pode ser que estrague uma peça diferente, que não estava na licitação. Ele afirma que um dos mecânicos disse que os diretores mostraram a eles um livro de peças para que escolhessem quais deveriam ser licitadas. 

— Cabe ao Executivo pensar em uma forma de conseguir obter peças emergenciais. O próprio chefe do setor nos disse que teve de gastar mais de R$ 1 mil do bolso dele. Isso era o que fazia esse dinheiro emergencial que o TCE diz não ser correto, mas que permitiria resolver o problema – diz.

Sobre a parte final da nota do governo, na qual a Prefeitura diz que o vereador não procurou a secretária Cláudia Machado, Print Jr. encerra com mais uma crítica.

— Ela está tão mal informada que quando lá estive eu até tomei café com a equipe e ela é quem não estava lá no momento. Nós chegamos lá às 6h30 de segunda-feira. Não reza a cartilha do Legislativo que o vereador precisa avisar ao órgão público o dia e a hora em que pretende visitá-lo. Claro, pois isso impede que a realidade seja maquiada. O que nós ouvimos quando chegamos lá é que a secretária é de pouco diálogo com os servidores. Acho que ela está vivendo um momento no qual se acha a filha do rei.

 

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