Print Jr. diz que Janete tem ‘privilégios’ com governo

Desacerto começou quando Eduardo pediu adiamento de votação

Ricardo Welbert 

Uma troca de farpas entre os vereadores Eduardo Print Júnior (SDD) e Janete Aparecida (PSD) marcou a votação do projeto lei da Prefeitura que pedia crédito suplementar de R$ 6.082.000,00 para vários setores. O desacerto começou quando Eduardo pediu o adiamento da votação para a próxima terça-feira, 12, alegando que os colegas e ele receberam o texto havia menos de 48 horas. Prazo que, segundo ele, foi curto para o entendimento do projeto. 

— O tempo hábil em que foi protocolado não nos permitiu uma análise aprofundada. Mas, vejo que ele abriu manutenções em várias secretarias, inclusive nas áreas dos ensinos fundamental, infantil e especial. Retirando esses recursos, que nós não sabemos se estão sobrando porque não tivemos tempo suficiente para verificar isso, o restante é para obrigações patronais. Na justificativa vem uma frase que me preocupa. É a que diz que a verba é para as folhas de pagamentos de agosto, setembro e outubro. Se hoje estamos juntando dinheiro não utilizado de algumas secretarias para pagar salários, o que esperar de novembro e dezembro? Não o vejo com tanta urgência em votar hoje. Se ficar para terça, não prejudicará em nada o prefeito — afirmou. 

Janete pediu a palavra e disse que discorda do pedido de vistas feito por Eduardo. Segundo ela, quase R$ 2 milhões direcionados à educação é algo de interesse público. 

— Estamos falando de auxílio transporte, inclusive para crianças especiais. Estamos falando em manutenção de merenda escolar e salários de professores. A maioria do que estamos falando aqui é obrigação patronal. Dinheiro que vai tanto para pagamentos de funcionários quanto para o Diviprev [a previdência social dos servidores]. Não acredito, pela confiança que tenho no governo Galileu, que essa matéria viria se não tivesse urgência. Até porque ela trata da folha de pagamento do início do mês de agosto. Nós estamos em setembro e já no próximo dia 20 a Prefeitura vai precisar fazer a folha em tempo hábil — argumentou. 

Em seguida, a vereadora acrescentou que 48 horas de prazo foram suficientes para ela entender bem cada detalhe do texto.  

— Passei horas estudando o projeto ponto a ponto. Estive na secretaria conversando com a administração e tirando dúvidas, inclusive de numerações, porque em alguns pontos da numeração existe uma diferença entre nomenclaturas. São códigos detalhados no “Manual de contabilidade nacional”. Estudando esse manual, a gente vê a diferença e sabe para onde o dinheiro está indo e a seriedade disso. Portanto, não concordo com o pedido de vista, Eduardo, e peço que, se puder, retire-o, para que seja votada a matéria pensando acima de tudo nos nossos servidores — disse Janete. 

Em resposta, Eduardo disparou que Janete possui alguns "privilégios" por parte do governo.

— Respeito e entendo que vossa excelência tem privilégios que alguns vereadores aqui não têm, como ser recebida por secretário com explicações privilegiadas e em tempo recorde. Coisa que nós não temos. Nós precisamos mendigar informação dentro do governo. Estou falando por mim e outros vereadores que nos questionam sobre como as informações não chegam a nós e com a velocidade que chegam a vossa excelência. Vejo a senhora como excelente nome para assumir a liderança do governo, pela defesa que faz nesta Casa. Mas, eu não posso deixar de manifestar minha insatisfação com um projeto que não contempla as informações ainda. Ele pode me contemplar na próxima terça, sem prejuízo algum a ninguém. Não vejo o motivo de tamanha urgência — rebateu Eduardo. 

Em resposta conclusiva, Janete disse que fez colocações técnicas, pois é formada em contabilidade. 

— As colocações que fiz foram técnicas, pois sou formada, dentre outros cursos, em contabilidade. Não dependo de secretário para analisar os números. Eles são apenas estudados. Quanto às secretarias, nem sempre eu vou direto aos secretários, pois eles costumam ter agenda mais apertada, mas aos técnicos efetivos, que têm capacidade técnica para responder a todas as perguntas que faço. Quanto à liderança do governo, não cabe a mim essa escolha, mas sim ao prefeito. Acho que eu não tenho expericiência suficiente para isso no momento. Talvez em um futuro isso poderia ser muito bem vindo. Afinal, eu não defendo o governo. Eu defendo o povo de Divinópolis. Eu apenas pedi que repense porque eu acredito na necessidade desse projeto. É fácil a gente saber se o dinheiro está realmente indo, porque se o dinheiro for para pagar funcionário e tiver atraso no pagamento, a gente sabe que foi cumprido. Isso é fácil de ser fiscalizado — disse a vereadora. 

Conforme o Portal Agora já informou, o presidente Adair Otaviano (PMDB) negou o pedido de adiamento feito por Eduardo Print Júnior

— Se o prefeito pudesse deixar essas votações para terça-feira, não teria convocado uma reunião extraordinária. As reuniões extraordinárias ocorrem quando o Executivo sente que é urgente. Convocamos pelo fato de que amanhã, quinta-feira, nossa reunião não vai acontecer devido ao feriado de 7 de Setembro. São dois projetos para fazer mudanças de rubricas de dotações orçamentárias, que são projetos corriqueiros e que a Câmara vota em praticamente todas as reuniões para que o prefeito possa manter as atividades da cidade em funcionamento — finalizou.

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