Primeiro passo

Enfim a Câmara de Divinópolis deu um passo rumo à sanidade. Os vereadores aprovaram na última quinta-feira, 24, a criação da Corregedoria e do Código de Ética e Decoro Parlamentar. O projeto tem como objetivo estabelecer a formação de um novo colegiado, bem como um código de deveres, princípios éticos e regras básicas que devem orientar a conduta de quem esteja no exercício do cargo de vereador. A medida foi adotada depois de o parlamento divinopolitano ser palco de inúmeros “barracos” dignos do programa do SBT ‘Casos de Família’. Os parlamentares protagonizaram cenas lamentáveis, de ataques a cidadãos, à imprensa e entre si. O clima chegou ao extremo, depois de pelo menos dois longos anos de politicagem. A criação da corregedoria traz esperança para os dias sombrios. Traz esperança de que, enfim, parte dos vereadores comece a tratar Divinópolis com mais carinho, sem atuar em causa própria, pois é público e notório que alguns estão ali apenas perseguindo desafetos pessoais, outros somente pensando na reeleição e outros em eleições majoritárias, enquanto a população anseia por auxílio. Mas se por um lado a criação da Corregedoria e do Código de Ética e Decoro Parlamentar traz brisa para estes tempos secos, também nos faz questionar por que foi preciso criar um novo pacote princípios éticos e regras básicas para orientar quem já está cansado de saber o que pode e o que não se pode fazer. A Comissão de Ética, sozinha, não dava conta do trabalho? Ou faltou maturidade para exercer tal cargo, sendo necessário manual mais rigoroso  para seguir?

É triste constatar em todos os níveis da nação que o povo ainda elege quem não dá conta de atuar de acordo com o que o cargo exige e, muito menos, trabalhar de acordo com as necessidades de seus representados. É triste ver a que ponto se chegou. Os representantes do povo não conseguem se respeitar, enxergar além de seus próprios umbigos e lidar com situações adversas. É triste ver que um manual de como “ser vereador”,  “ser deputado”, “ser senador” de como se portar em uma Casa que representa o povo, precisa ser criado, pois sozinhos eles não conseguem. Mais triste ainda é ver que o parte do parlamento divinopolitano não consegue sequer seguir o que determina o artigo segundo da Constituição Federal, que diz: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”, e que, por causa desta bagunça e falta de harmonia, Divinópolis parou no tempo.

Seguimos adiante, confiantes de que a criação da Corregedoria e do Código de Ética seja o primeiro passo para que a cidade saia da “zona de rebaixamento”. Talvez este novo manual de princípios éticos e regras básicas dê um “start” em nossos representantes e eles percebam a bagunça que estão fazendo e, que por isso, ficarão marcados. Vivemos tempos difíceis, é verdade, mas é justamente nestes, que os bons irão sobressair, que consigamos enxergar aqueles que deram conta de passar pelo tsunami. E o nosso desejo é que destes tempos de politicagem e de ódio gratuito, em que novas regras de bom convívio precisam ser criadas todos os dias, alguns bons consigam se salvar e, principalmente, salvar Divinópolis.

 

 

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