Preso outro integrante de quadrilha que fraudava Programa Farmácia Popular

 

Anna Lúcia Silva

Mais um integrante da quadrilha que fraudava o Programa Farmácia Popular foi preso no último domingo, 2, durante a final da Divinaexpo em Divinópolis. Segundo a delegada responsável pela investigação, Adriene Lopes, o suspeito, de 36 anos, procurou a Polícia Militar (PM) para registrar um boletim de ocorrência e, quando se identificou aos militares, foi constatado o mandado de prisão em aberto.

Segundo a delegada, ele agia junto com um comparsa, preso no último mês em Belo Horizonte. Tanto o suspeito preso no domingo, quanto o comparsa, Adriano Matos, estão detidos no presídio Floramar.

Entenda o caso

Adriano Matos foi o primeiro preso no caso. A quadrilha é investigada por fraudar o programa do Governo Federal, bem como credores, fornecedores, empregados e empresários em várias regiões de Minas Gerais.

Segundo a delegada Adriene Lopes, os investigados atuavam na aquisição frequente de drogarias e, por meio destas empresas, aplicavam golpes simulando vendas de medicamentos através do Farmácia Popular. Alguns dos medicamentos são liberados pelo governo gratuitamente e outros com até 90% de desconto.

— Iniciei o inquérito quando tomei conhecimento, por meio de duas empresárias, ex-proprietárias do empreendimento, cujo nome fantasia é Droga Farma, situada na rua Goiás. Em julho de 2018, elas venderam o comércio a Adriano Matos Silva e seu suposto comparsa Leandro Carlos de Almeida. Foram realizados todos os procedimentos de transferência e registro da alteração contratual junto à Jucemg [Junta Comercial do Estado de Minas Gerais]. A farmácia foi registrada no nome de Josias Alves Cunha, o laranja — explicou.

Farmácia Popular

Adriene Lopes afirmou ainda que, em março de 2018, após a venda, as ex-proprietárias passaram a receber cobranças diversas, de fornecedores, bancos, aluguéis e empregados. Foi com base nestas cobranças que as investigações tiveram início.

— Quando o caso me foi apresentado identifiquei que toda a documentação apresentada pelos golpistas, Adriano e Leandro, eram falsas. Iniciamos, então, as investigações e, no seu decorrer, constatamos que eles visavam a aquisição de drogarias e farmácias conveniadas ao Farmácia Popular. Com isso, aplicavam golpes não somente nas citadas empresárias, como também em fornecedores, bancos, credores e funcionários. Em abril deste ano, fecharam o estabelecimento e não pagaram ninguém, nem mesmo os créditos trabalhistas dos funcionários — explicou.

A delegada relata também que, durante o período em que estiveram na administração da farmácia adquirida na cidade, os investigados simularam vendas de medicamentos listados no Farmácia Popular. Foi apurado que, na simulação das vendas fictícias, eles utilizam nome e CPF de clientes da farmácia, os quais, na verdade, não adquiriram nenhum medicamento, sendo que alguns já haviam morrido.

Além disso, eles fraudavam e adulteravam receituários médicos para receber do Ministério da Saúde os valores referentes às vendas de medicamentos que, na verdade, nunca realizaram.

— Com isso, causaram prejuízo a diversas pessoas, inclusive ao Governo Federal, com a venda simulada de medicamentos que sequer adquiriram, já que não possuem notas fiscais da compra dos remédios que venderam. Aplicaram o mesmo golpe em outra empresária, na cidade de Pará de Minas, em setembro de 2018. Lá, compraram o estabelecimento comercial denominado Drogaria Aliança Ltda, localizada no bairro São Luiz. Essa farmacêutica teve um prejuízo no valor de R$ 100 mil. Eles fizeram o pagamento por meio de cheque, todos sem fundos. A farmácia também estava no nome de laranja, dessa vez em nome de Joubert Vieira Santos. Após isso, fecharam o estabelecimento e sumiram. O mesmo ocorreu em Teófilo Otoni, que fica no Vale do Mucury, divisa com o Norte do Estado — exemplificou.

Ainda de acordo com Adriene, as investigações seguem na tentativa de identificar outros suspeitos envolvidos no esquema. Um deles usa documentos falsos e possivelmente continua aplicando golpes na região.

A Polícia Civil pede para que qualquer denúncia seja feita ao número 181.

 

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