Prefeitura solicita corte nos leitos de enfermaria do hospital de campanha

Redução é de quase 40%; Executivo afirma que não consegue arcar com os custos sem ajuda; readequação deve ser feita a partir do dia 1º

Bruno Bueno

O hospital de campanha, localizado no estacionamento da UPA Padre Roberto, se tornou um alívio para a saúde de Divinópolis e região neste período de pandemia, que já passa de um ano. Mesmo com o aumento do número de casos e mortes, principalmente em 2021, os containers instalados continuam abrigando pacientes com covid-19, que utilizam o Sistema Único de Saúde (SUS) da macrorregião Oeste.

No entanto, o hospital pode sofrer uma baixa nos próximos dias. Segundo informações obtidas com exclusividade pelo Agora, a Prefeitura Divinópolis solicitou um corte de 37,5% dos leitos de enfermaria. O documento, assinado pelo prefeito Gleidson Azevedo (PSC) e pelo secretário de Saúde, Alan Rodrigo, no último dia 15, envia o pedido de redução ao presidente do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social (IBDS), Gustavo Luiz Guilherme Pinto. Se aprovado, a diminuição ocorre já a partir do dia 1º de junho.

Sem condições

No documento, a Prefeitura justifica a readequação alegando que não tem condições financeiras para manter todos os leitos sem ajuda do Estado.

— Considerando que, assim como os demais, o Município de Divinópolis não consegue arcar sozinho com a parte variável da manutenção destes leitos no formato atual, uma vez que estão disponibilizados e são utilizados para a região de saúde Oeste, o Município solicita a readequação do número de leitos do hospital de campanha — diz o documento.

O que muda?

Atualmente, o hospital de campanha tem 30 leitos de UTI e 32 de enfermaria, todos para atender pacientes com covid-19. Segundo o corte previsto pela Prefeitura, as vagas de UTI não vão sofrer alterações, mas o hospital passaria a atender com 20 leitos de enfermaria, ou seja, 37,5% a menos do que o número atual.

Vale relembrar que durante a implantação do hospital de campanha, no começo de abril do ano passado, o centro contava com 40 leitos totais, sendo 20 de enfermaria e 20 de UTI. Com o agravamento da pandemia, a Prefeitura anunciou a ampliação dos leitos disponibilizados.

Prefeitura

O Agora questionou a Prefeitura, por meio da assessoria de comunicação, insistentemente, sobre o documento e a proposta de readequação de leitos. Em primeiro momento, o Executivo negou a veracidade, afirmando ser um documento interno que não foi passado para frente. No entanto, a reportagem apurou que o documento foi assinado e carimbado por um enfermeiro interno, membro do IBDS, que acusou o recebimento.

Posteriormente, em resposta ao Agora,  o Executivo afirmou que os leitos não serão removidos.

— Divinópolis, no primeiro momento, devido à gravidade da situação da pandemia, assumiu os custos dos leitos, mesmo sabendo que não era apenas para atender somente a cidade, porém enviou um ofício avisando ao Governo do Estado que não era da obrigação do Município permanecer custeando esse serviço e que esses leitos deveriam ser custeados pelo Estado. O documento busca apenas encerrar o pagamento com recurso de  Divinópolis e fará o custeio com recurso do Estado, que já está em conta — afirmou.

Contudo, no documento assinado pelo Executivo, que está disponível nesta página, o Município não explica sobre a mudança de quem custeará os leitos, apenas afirma o desejo de readequá-los, ou seja, diminuir o número das vagas atualmente disponíveis.

Documento

Confira o documento assinado por Gleidson Azevedo e Alan Rodrigo na íntegra.

 








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