Prefeitura pode ter comprado insumos para Saúde acima do valor de mercado

Documentos mostram a existência de produtos similares por preços menores; Executivo não se manifestou

Da Redação

Um dos temas que têm circulado o pronunciamento dos vereadores na Câmara de Divinópolis é a necessidade de transparência dos investimentos realizados, em especial pela Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), durante a pandemia causada pelo novo coronavírus. Diante da situação, está em vigor até abril um decreto de calamidade pública que autoriza a Prefeitura a realizar compras em caráter de urgência. Em um pedido de compra, datado de 17 de abril, a pasta encomendou 60 mil máscaras no valor total de R$ 207 mil, ou seja, R$ 3,45 cada. No entanto, um termo de referência do Instituto Federal de São Paulo mostra o preço médio de R$ 11,05 a caixa com 50 unidades, ou seja, R$ 0,22 a unidade.

Precisa ou não?  

Apesar da não necessidade de licitação enquanto o decreto de calamidade estiver em vigor, ao comunicar a compra de 100 termômetros digitais em 28 de maio, a Prefeitura explicou que a aquisição foi feita por meio de licitação pública, com recursos federais.

Acusações sem resposta

O principal crítico das compras tem sido o vereador Matheus Costa (CDN), que alega ter encontrado produtos comprados pela atual Administração por preços bem mais baratos em licitações de outras cidades. Em uma publicação ontem, ele pontua que a Prefeitura comprou termômetros digitais por R$ 443, enquanto o preço médio de mercado seria R$ 120. Para ele, é preciso passar os gastos a limpo.

César Tarzan (PSDB) também cobrou uma investigação sobre as denúncias que vêm surgindo neste sentido.

— O povo precisa de uma resposta, estamos falando de dinheiro público — solicitou.

Alternativas

O Agora conversou com a empresária Cida Malta, uma das mais prestigiadas e bem conceituadas da cidade e região no setor de confecção. Segundo ela, a oferta da Prefeitura exigia a certificação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o preço estabelecido não pagava nem metade dos custo de fabricação das máscaras. 

A empresária acredita que uma parceria entre Executivo e empresas poderia ajudar a fornecer insumos para a Saúde e, ao mesmo tempo, minimizar os impactos da pandemia na economia. 

— Meu desejo era buscar um alinhamento entre as confecções locais e a rede de saúde. Somos um polo confeccionista em apuros — pontua.

Cida conta, por exemplo, que sua empresa é capaz de produzir Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Os materiais poderiam ser adquiridos para distribuição aos profissionais de saúde. 

— Construir pontes entre o setor de saúde e empresas sérias que se dispõem a produzir com  qualidade e firmar parcerias. Seria muito importante para estimular a indústria local, alimentar um ecossistema, deixar dinheiro e postos de trabalho aqui, e nos ajudar a fortalecer, ganhar competência e diminuir a dependência dos importados — destacou.

Outro lado 

O Agora entrou em contato com o Executivo para questionar  sobre a diferença de valores, mas, até o fechamento desta matéria, por volta das 19h, não havia se manifestado. 

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