Prefeitura identifica 200 possíveis fraudes na vacinação

Administração diz que 17 homens se cadastraram como gestantes, além de outros casos; Divinópolis recebe doses da Pfizer

Bruno Bueno

Nunca na história de Divinópolis um objeto tão pequeno se tornaria motivo de cobiça pela maioria dos habitantes do município. A vacina contra a covid-19 é aguardada por muitos e gera uma ansiedade enorme para quem está nos últimos lugares do Plano Nacional de Imunização (PNI). 

No entanto, para conseguir mais rápido a tão sonhada vacina, alguns moradores da cidade estão, infelizmente, burlando o sistema de cadastro da Prefeitura. Segundo o Executivo, foram identificadas 200 possíveis fraudes na vacinação, incluindo homens que se descrevem como gestantes, jovens sadios que apresentam comorbidades, dentre outros.

O anúncio da investigação contra as fraudes foi feito durante coletiva na tarde de ontem, no Centro Administrativo. Estiveram presentes na entrevista a vice-prefeita Janete Aparecida (PSC), o servidor Roberto Freitas, responsável pelo cadastramento da vacinação, e o assessor especial da Prefeitura, Fernando Henrique de Oliveira.

Fraudes

O responsável pelo cadastramento da vacinação, Roberto Freitas, afirmou que 17 homens se identificaram como gestantes durante o cadastro on-line.

— Durante o cadastro de gestantes, na última semana, tivemos 17 homens se identificando como gestantes. Além disso, vários jovens atestam comorbidades que não possuem. Isso prejudica a triagem da Prefeitura e atrasa a vacinação — revelou.

Para impedir possíveis fraudes, a vice-prefeita, Janete Aparecida (PSC), afirmou que o cadastramento exigirá, a partir desta semana, a assinatura de um termo de responsabilidade.

— Para comprovar a comorbidade, a pessoa deverá assinar um termo de responsabilidade, que disponibilizamos durante o cadastramento. Nele, o candidato à vacina deverá atestar qual doença tem, a quanto tempo convive e qual remédio utiliza. Depois de imprimido, deverá grampear junto a receita e o relatório médico — salientou.

Crimes

O assessor especial do Executivo, Fernando Henrique Oliveira, disse que os criminosos podem responder por dois tipos de crimes instituídos no Código Penal.

— A pessoa que forjou os documentos pode responder nos crimes 297 e 304 do Código Penal, que dispõem sobre a falsidade ideológica e de documentos, tendo pena de dois a quatro anos. Vale ressaltar que o médico responsável pelo laudo falso também pode ser indiciado — ressaltou.

Janete destacou que o Município já apresentou as denúncias para o Ministério Público (MP), que vai abrir uma investigação do caso.

— Já enviamos as possíveis fraudes para o MP. Estamos observando diversos casos estranhos, como jovens de 35 anos com hipertensão e outras situações. Além disso, recebemos denúncias de familiares de pessoas que se vacinaram, afirmando que elas não possuem qualquer tipo de comorbidade. Entre as 200 fraudes, também se incluem trabalhadores da saúde, estagiários e um hospital da cidade — explicou.

Gestantes

Janete também anunciou a restrição na vacinação de gestantes sem comorbidades. Segundo a vice-prefeita, o Executivo recebeu uma recomendação, por meio da Nota Técnica 657 do Plano Nacional de Imunização (PNI), da suspensão da imunização das gestantes. 

— Não iremos impedir ninguém de se vacinar, mas quem for gestante sem comorbidade deve apresentar um relatório do médico que recomenda a vacinação mesmo sem nenhum tipo de doença. Vale ressaltar que esse grupo só poderá ser imunizado com a vacina da Pfizer — salientou.

Roberto Freitas contou que a procura do grupo de gestantes e puérperas com comorbidades foi baixa.

— Tivemos uma procura baixa. Nossos dados registraram somente 81 cadastros, incluindo as gestantes e as puérperas, lembrando que alegam possuir algum tipo de comorbidade que justifique a vacinação — afirmou.

Pfizer

Em continuidade à vacinação no município, a Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG), por meio da Superintendência Regional de Saúde (SRS), entregou à Prefeitura, na tarde de ontem, 195 frascos, que equivalem a 1.170 doses, da vacina Pfizer, desenvolvida pelo Biontech. Além da cidade, Itaúna, Pará de Minas e Nova Serrana receberam a mesma quantidade do imunizante.

— Para receber a vacina foram utilizados como critério: municípios com população acima de 79.000 habitantes, com equipe capacitada para a administração da vacina, distância máxima de 2h30 da capital, por modal aéreo ou rodoviário — explicou a Superintendência.

Além disso, os municípios da macrorregião Oeste receberam 12 mil doses da vacina Astrazeneca, desenvolvida pelo Fiocruz, e 1.170 doses da Coronavac, desenvolvida pelo Butantan, todas para segunda aplicação.

Novo ponto

Ainda na coletiva, a vice-prefeita afirmou que o município só utilizará, neste momento, 1.000 das 1.170 doses recebidas pela Pfizer. Ela também destacou sobre o novo ponto de vacinação onde o imunizante será aplicado.

— A vacina Pfizer é diferente das demais. Ela vem descongelada e deve ser aplicada no máximo em quatro dias, ou seja, não podemos deixar nada para a outra semana. Para a aplicação desse imunizante, a população deverá se deslocar para o novo ponto de vacinação: o drive-thru no bairro Bom Pastor, que se localiza próximo ao Mercado Distrital, dentro de um salão — disse.

 

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