Prefeitura de Divinópolis e associação que ensina basquete tentam acordo

Ricardo Welbert

Parece longe do fim a briga entre a Associação Basquete Divinópolis (ADB) e a Secretaria Municipal de Esportes. A primeira acusa a segunda de impedi-la de usar o ginásio poliesportivo Fábio Botelho Notini, no Centro, porque a entidade sem fins lucrativos que ensina o esporte de graça a 50 alunos afirma não ter condições de pagar mensalidade de R$ 2,5 mil imposta por um decreto assinado em janeiro pelo prefeito Galileu Machado (MDB).

Na noite de segunda-feira, 21, o presidente ABD, Bruno Barros e Pimenta, participou de uma reunião com representantes da secretaria de Esportes. Dentre eles o secretário, Ewerton Dutra de Mendonça. O objetivo da conversa foi a busca por um consenso.

Pimenta, que por duas vezes informou ao Agora que seus alunos se depararam com portões trancados a cadeado quando foram ao ginásio treinar. A interrupção mais recente ocorreu a poucos dias de a equipe representar Divinópolis nos Jogos do Interior de Minas (Jimi).

Na mais recente reunião, afirma Bruno, o secretário reclamou do fato de o caso ter sido denunciado à imprensa.

— A reunião começou umas 19h20 e durou até 21h30. Foi muito tenso. Tentaram coagir a gente a aceitar a cobrança, sob o risco de cortarem horários. Também reclamaram de termos exposto o caso, levando-o à imprensa. Houve um momento em que reclamou do que foi mostrado no Agora, dizendo que ele não havia sido procurado. Tentaram acusar a associação. Uma coisa bem grotesca mesmo — resume.

A secretaria quis saber qual seria a contrapartida da associação.

— Dissemos que nossa contrapartida é a escolinha, que a gente oferece ao Município gratuitamente. Acharam pouco. Questionamos pelo fato de estarmos fazendo o que o Município deveria estar fazendo e ainda querendo nos cobrar para fazer isso. Disseram que se não pagássemos em materiais ou permutas de serviços, teríamos os horários de uso reduzidos, porque a Prefeitura teria que alugar para ter lucro. Mais uma vez lembramos que nossa escola não tem fins lucrativos. Era surreal ele dizer isso. Tirar para tentar fazer dinheiro com o poliesportivo, sendo que tem todo um projeto social sendo desenvolvido lá. Dissemos que também seríamos irredutíveis nesse ponto — conta o presidente.

Ainda segundo Bruno, a servidora municipal que agendou a reunião disse que as fotos divulgadas na página da ABD no Facebook não mostram o logotipo da Prefeitura nos uniformes e afirmou que, dessa forma, os atletas não poderiam representar Divinópolis.

— Expliquei a ela que os Jogos do Interior de Minas, que disputamos há nove temporadas consecutivas, não se inscrevem associações. Inscrevem-se municípios. Tanto é que precisa ter as assinaturas dos prefeitos. Galileu assina para participarmos. Quando vamos para os Jimi, não vamos como ABD. Vamos como Prefeitura de Divinópolis. Falei a ela que ela estava querendo demais ao exigir que além de arcar com despesas de transporte, alimentação, bolas e remédios sem qualquer contrapartida da prefeitura, inclusive sem a cessão do espaço pra treinamento, também tivéssemos custos com mudança nos uniformes colocando logo da Prefeitura? Fica complicado. Se a Prefeitura nos der os uniformes, poderá pintar neles o nome. Enquanto esse custo estiver sendo nosso, isso não vai acontecer — diz Bruno. 

Acordo 

As partes definiram que até o fim de 2018 a ABD pagará à Prefeitura mensalidades de R$ 100 em materiais de limpeza.

— Mas nós vamos fiscalizar se esse material será mesmo usado na limpeza do poliesportivo, porque alegam que está limpo, mas infelizmente não está. Até a suspensão, usávamos o espaço três vezes por semana e sabemos que não é limpo — afirma o presidente da ABD.

Bruno afirma ainda que durante a reunião mencionou uma entrevista concedida pelo secretário à TV Integração, na qual ele afirma que não haveria cobrança à entidade.

— Aí o secretário disse que não tinha dito nada daquilo, que a repórter tinha entendido errado o que ele disse. Falei pra ele que, depois de vermos essa matéria, achamos que já teríamos um contrato pronto para garantir a prestação do serviço social da escolinha a custo zero para nós — acrescenta.

Durante a reunião, um dos participantes da reunião atribuiu recente depredação no poliesportivo à associação.

— Um cara disse que nós quebramos torneira e deixamos o poliesportivo aberto. Primeiro que nós não somos porteiros. Segundo, que zelamos pelo ginásio, tanto que trocamos a tabela. Coisa que a Prefeitura não fez desde a inauguração do poliesportivo. Compramos e fizemos a troca — afirmou Bruno, referindo-se a uma ação voluntária da ABD que o Agora também informou.

Prefeitura

Após entrevistar Bruno, o Agora telefonou para Ewerton Dutra. O secretário diz perceber “várias inverdades” nas denúncias feitas pelo presidente da ABD.

— Já havíamos nos reunido com a associação e definido um valor que deveria ser pago por ela em forma de produtos de limpeza. Porém, para que isso possa começar a ser feito, é preciso que o presidente assine o contrato. Esse documento ficou disponível na secretaria e ele não o assinou — afirma.

Sobre a reunião de segunda-feira, Ewerton explica que após mais essa conversa, chegou-se à definição da taxa de R$ 100 mensais em produtos de limpeza até o fim do ano.

— Já temos definidos 99,9% do valor da permuta. Agora só falta assinar o contrato para a associação poder usar o poliesportivo. Não tem mistério. O problema foi que eles demoraram a firmar o contrato, enquanto várias ouras entidades já firmaram contratos de permutas com a Prefeitura e já estão regularizadas e aptas a usar os espaços municipais — diz.

O secretário também a afirmação de que a Prefeitura tenta dificultar o esporte na cidade.

— Não queremos paralisar nenhum esporte. Inclusive a ABD só disputa os Jimi porque tem um profissional de educação física fornecido pela Prefeitura, que todo ano acompanha a equipe, assim como fazemos também com a equipe de handebol. A locomoção também é toda paga pela Secretaria de Esportes — afirma.

Fim das contas 

Agora a ABD corre contra o tempo para levantar documentos como certidão negativa, dentre outros, para assinar o contrato e ser liberada para usar o poliesportivo. Bruno espera assinar o contrato até amanhã.

— Enquanto isso, os alunos estão sendo lesados, pois estão prestes a representar Divinópolis a nível estadual e não estão treinando. Não cobramos nada pelo ensino do basquete, que deveria ser feito poder público, e ainda estamos sendo cobrados — reclama.

O secretário acredita que agora a situação esteja caminhando e pede a compreensão dos atletas.

— Não podemos deixar de cobrar essa taxa de uma entidade enquanto cobramos de todas, porque é o que manda o decreto municipal — repete.

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