Prefeito avalia primeiros 100 dias de governo

Gleidson aponta pontos negativos e positivos da gestão; chefe do Executivo fez balanço do comércio, saúde, vacinação e comentou sobre denúncia do MP

Bruno Bueno

A gestão de Gleidson Azevedo (PSC) à frente da Prefeitura de Divinópolis completou, no último fim de semana, seus primeiros 100 dias. Em meio a um colapso da saúde, com leitos superlotados e mortes diárias, o chefe do Executivo avaliou, em entrevista concedida ao Agora na tarde de ontem, 12, os pontos positivos e negativos dos primeiros meses de mandato.

Além de fazer um balanço dos primeiros três meses, Gleidson conversou sobre a situação de diversos segmentos no município, como saúde, o andamento da vacinação, o Hospital Regional, a flexibilização do comércio e das academias e a denúncia recebida pelo Ministério Público sobre uma possível má condução da Prefeitura durante a pandemia. 

100 dias

Gleidson começou a entrevista afirmando que o termo ‘100 dias de governo’ remete à 'velha política', expressão utilizada pelo chefe do Executivo para falar dos ex-prefeitos da cidade.

— 100 dias de governo é coisa de politiqueiro. Governar é todo dia. Eu posso fazer o melhor mandato da história de Divinópolis que mesmo assim, quando minha gestão acabar, ainda vou ser criticado — disse.

No entanto, o prefeito fez um balanço dos primeiros 100 dias à frente da Prefeitura.

— Eu assumi em um momento horrível. Não tive nenhum dia de mandato na onda verde. Tudo que a gente planejou para esses 100 dias, tivemos que redirecionar para a pandemia, pros leitos e para salvar as vidas. Toda quinta-feira eu perco um dia de trabalho para fazer a reunião do Comitê de Enfrentamento ao Covid e toda sexta minha equipe foca em fazer um decreto. Para você ter uma ideia, a operação tapa buraco e os serviços de limpeza tiveram que ser paralisados nos últimos 20 dias por essa questão da pandemia — afirmou.

O chefe do Executivo ainda destacou um ponto negativo e outro positivo dos primeiros meses de gestão.

— Ponto negativo é essa questão da pandemia. Essas ondas restritivas não deixam Divinópolis progredir, assim como não deixam o comerciante trabalhar. Ponto positivo é a autoestima que eu resgatei do divinopolitano, como exemplo, uma obra no bairro Lajinha, que os moradores esperavam há mais de 40 anos, a gente resolveu em três meses de governo. Eu resgatei o amor do cidadão por Divinópolis — completou.

Denúncia

Ao ser questionado sobre a denúncia feita pelo Conselho Municipal de Saúde (CMS) ao Ministério Público (MP) sobre uma possível má condução da Prefeitura durante pandemia, Gleidson afirmou que já se justificou ao órgão público.

— Já fomos notificados e fizemos uma carta explicativa. Eu acredito que o MP irá acatar, porque nós não abrimos o comércio, ele já estava aberto. Se ele funciona para retirar mercadoria dentro da loja, por que ele não pode abrir para atender o cliente dentro do estabelecimento? — explicou.

O prefeito também negou as acusações de que a Prefeitura age de forma omissa durante a pandemia.

— Isso é conversa fiada. O presidente da CMS sempre quis um cargo dentro da Prefeitura e, por isso, fica atacando nossa administração. Ele inventa essas coisas, nós sempre fomos mais rígidos do que o próprio Minas Consciente. Decretamos onda roxa antes do próprio Estado. Ninguém foi omisso, só estamos tentando manter o comerciante vivo — afirmou.

Por fim, o chefe do Executivo disse que não teme acatar o Ministério Público acerca da denúncia.

— Estou tranquilo. Eu garanto que Divinópolis está cumprindo 100% com o que está previsto na onda roxa do Minas Consciente. Estamos abrindo com segurança para manter o comércio vivo — disse.

Saúde

Gleidson também comentou a situação atual da saúde em Divinópolis. Ao ser questionado sobre a abertura de leitos no Hospital Regional, o chefe do Executivo respondeu:

— O que a Prefeitura tinha que fazer para abrir o Hospital Regional, já fez. Estamos dependendo do estado. Eu, meu irmão Cleitinho, deputado estadual, e o secretário Alan Rodrigo já cobramos diversas vezes uma posição do governo. Agora é esperar o estado contratar o CIS-URG para que o centro de saúde possa ser utilizado — afirmou.

O prefeito também comentou sobre a situação dos leitos no município.

— A ocupação de leitos continua estável. De duas semanas pra cá, os números estavam só aumentando, então, ver essa melhora, mesmo que pequena, é importante. Os números estão caindo bem pouco, então não é motivo para relaxar — disse.

Ao ser indagado sobre a promessa do secretário de Saúde, Alan Rodrigo, de vacinar, com a abertura de um novo ponto de imunização, cerca de duas mil pessoas por dia, o chefe do Executivo disse que está aguardando a chegada de mais remessas ao município.

— O que adianta acelerar a imunização? Não tem vacina. O imunizante que teremos em estoque será para vacinar a segunda dose. O governo ainda não mandou mais imunizantes para continuarmos a vacinação. Ainda não sabemos quando o estado irá enviar — comentou.

Flexibilização

Gleidson também falou sobre a flexibilização e a abertura de algumas atividades que estão proibidas na onda roxa do programa Minas Consciente. Ao ser questionado se permitir o funcionamento das academias seria perigoso, afirmou que tudo depende da população.

— Hoje tudo que a gente faz é perigoso, até porque a população não faz a parte dela. O que adianta você fechar a academia, sendo que as pessoas vão continuar fazendo atividade física na rua? A propagação do vírus não depende só do comércio ou das academias — disse.

O prefeito voltou a ressaltar que o colapso da saúde enfrentado por Divinópolis não é culpa da abertura do comércio.

— Tem um ano que o comércio está fechando e não adianta nada. Os números continuam crescendo, a ocupação de leitos continua aumentando. O vilão não é o comércio, o empreendedor, mas sim a população que não respeita as restrições. Já passou da hora de convivermos com o vírus de maneira segura, cumprindo os protocolos de segurança e não precisando fechar os estabelecimentos. Os comerciantes não aguentam mais sofrer desse jeito — explicou.

Meio ambiente

Por fim, Gleidson comentou sobre um boato que correu na cidade sobre sua intenção de demitir alguns diretores da Secretaria de Meio Ambiente por impedirem a construção de empresas em Divinópolis. Ele negou as acusações.

— Isso é mentira de um veículo midiático da cidade. Falaram que eu queria beneficiar uma empresa específica, não tem nada disso, eu busco ajudar todo comerciante e empresário de Divinópolis. Eu só pedi agilidade nesses trâmites para o empreendedorismo. Já está tudo resolvido — afirmou.

 

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