Prefeito: apoio da minoria

Bob Clementino 

 

 

Política& Cia –11-06-20 

Prefeito: apoio da minoria

Em quase todas as eleições, fica a ilusão de que o vencedor foi eleito pela maioria. Isso é apenas meia verdade. Se fizermos a soma dos votos dos candidatos concorrentes derrotados, dos votos, nulos, brancos e das abstenções, o resultado é um número absoluto maior que obtido pelo candidato. Ou seja: há muito mais eleitores contra que a favor. 

 

Votos de Galileu em 2016 

Vejamos, no caso municipal, os dados da eleição em 2016. Galileu Machado (MDB) obteve 58.443 votos; Marquinho Clementino (Pros), 34.239; Iris Almeida (PT), 5.552; Militão (PSDB), 9.341; e Mario Lucio (PSOL), 977 votos. Galileu eleito! No entanto, a soma, dos votos dos demais candidatos, dos votos nulos, brancos e das abstenções perfaz 77.901 votos de eleitores que não apoiaram o atual prefeito. Traduzindo, 66,54% dos eleitores de Divinópolis não votaram em Galileu Machado. Se administrar uma cidade é difícil, imagine-se quando se tem menos da metade dos eleitores a prestigiar.





Náufragos da política

Em todas as eleições existem candidatos a que chamo de “náufragos da
política”. São aqueles “abandonados, à deriva”, que, derrotados em eleições anteriores, agarram-se aqualquer argumento político para boiarem e chegar novamente à ilha do poder.

Por que todos esses esforços? A resposta pode estar nesta frase de um político petista divinopolitano quando estava no poder, dada a alguém que lhe perguntou: “O que é o poder?". O petista pensou e disse: “É inebriante!”.

Fiquem de olho e vão detectar os “náufragos políticos” na disputa pela
Prefeitura e Câmara Municipal.

Baixar salários de político, jamais!

Em ano eleitoral, os políticos no poder, apavorados com a possibilidade de
não se reelegerem, começam a propor medidas para restrições de
despesas, como redução de salários de parlamentares, na vã tentativa
de sensibilizar os eleitores. Mas nunca acontece porque se há uma coisa que político não mexe é no seu salário e mordomias.

Claro que não vai dar certo

Essa mesma dificuldade, o presidente Jair Bolsonaro (sem
partido) terá com os parlamentares federais. O presidente disse aos apoiadores que foram vê-lo na porta do Palácio do Planalto que está disposto a aumentar o valor do auxílio emergencial pago a trabalhadores, mas explicou: “Para isso, os parlamentares devem aceitar cortes em seus próprios salários”, disse. Em outras palavras, precisa ter recursos para o aumento. Algum leitor acredita que o presidente obteria essa atitude por parte dos deputados? Eu duvido!


Eleições inoportunas


As eleições municipais, que podem ou não ser neste ano, vão
causar, como sempre, aglomerações maiores do que as do Carnaval. E será
em todas as cidades do Brasil.  Enquete do Diário do Poder, com mais de
1.600 leitores, mostra que a maioria (55,9%) é a favor de adiar as
eleições de outubro: 25,3% quer adiar para novembro ou
dezembro, 9,4% para o ano que vem e 21,2% querem unificar as eleições,
adiando o pleito para 2022. Ora, se o TSE confirmar para outubro,  ou mesmo para datas posteriores, mas ainda sob a pandemia da covid-19 , entenderei que a nossa Justiça foi despropositada.

Geraldo hábil

Na sua primeira eleição para deputado estadual, quando o governador era Francelino Pereira (Arena), Geraldo da Costa e seu partido político, MDB,
eram oposição. O “Excelência” (como é intimamente conhecido o deputado Geraldo) foi sempre muito hábil politicamente e de fácil trato social. Sabia que, embora o governador Francelino o respeitasse, não iria conseguir nenhuma obra para Divinópolis. Diante disso, resolveu pedir ao governador que apenas o ajudasse a aprovar alguns projetos de obras para a cidade.

 “Não precisa executar, apenas aprove, governador”, pediu. E Francelino ordenou que os projetos de asfaltamento das rodovias que ligavam Divinópolis a São Gonçalo do Pará, São Sebastião do Oeste,  Carmo do Cajuru,
Perdigão e a Araújo, além do projeto para o asfaltamento do trajeto de
rua do aeroporto Brigadeiro Cabral e do aeroporto até a Pains (hoje
Gerdau), fossem aprovados. O “Excelência” guardou os projetos e esperou a
eleição de Tancredo Neves (MDB), de seu partido. Eleito, o governador
emedebista executou todos os projetos. Claro, os do “Excelência” já estavam aprovados. Conseguiu o que pretendia! Astuto, o deputado Geraldo da Costa Pereira! 

 

 

 

 

 

 

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