Preço do arroz sobe mais de R$ 10 em cerca de um mês

Com alta do dólar e condições climáticas, possibilidade de novos aumentos não é descartada

Da Redação 

As sazonalidades durante alguns períodos do ano fazem com que os preço de alguns produtos alimentícios  aumentem, muitas vezes, acima do esperado. A entressafra também contribui para a elevação nos valores dos itens. Porém, em 2020, a pandemia veio para ser um fator a mais a impulsionar os preços de alimentos básicos, como arroz, leite, feijão e óleo de soja. Neste patamar de sobe e desce dos valores, só os itens de hortifrúti é que se mantiveram com preços estáveis ou com alguma queda.

O leite, por exemplo, costuma ficar mais caro entre o meio do ano e outubro, devido às condições climáticas. Por ser um período geralmente sem chuva e sem pasto, a alimentação do gado tem um custo mais elevado para o produtor, na chamada entressafra do produto. Além disso, vários outros fatores estão juntos na somatória dos aumentos, como as altas do dólar e do consumo em casa, por causa da pandemia do novo coronavírus.   

Leite 

Sob estas condições, alinhadas à ocorrência da pandemia, o litro de leite aumentou, além do costume. O litro de caixinha, que antes era vendido em média a R$ 2,59, pode ser encontrado até por R$ 4,99, conforme a marca, registrando em média um aumento em torno de 15%, ao longo do primeiro semestre.

Preços

Mas o que vem pesando mesmo no bolso do consumidor é o preço do quilo do arroz e do litro do óleo de soja. Em um supermercado da cidade, ontem, um pacote de cinco quilos do arroz tipo agulhinha era comercializado entre R$ 21,99, preço de promoção, e R$ 27,90. Já o óleo de soja tinha o preço de R$ 5,89. E tem mais: o consumidor pode levar no máximo seis unidades.

— Estão insuportáveis esses aumentos. O pacote de cinco quilos de arroz que eu comprava há mais ou menos um mês em torno de R$ 13 a R$ 15 agora está a R$ 21,90. Mais caro do que um quilo de carne — comentou a dona de casa Luciana Queiroz. 

A reportagem passou pelo açougue e verificou alguns preços de peças como o patinho, que custa R$ 23,90, o acém e a maçã de peito, R$ 24,90. Já quanto à carne suína, o quilo de um lombo aparado era vendido a R$ 19,90 e o completo a R$ 17,90. O pernil sem osso, por sua vez, saía por R$ 17,90.    

Futuro

Segundo informações de diversos sites econômicos, os preços devem continuar a subir, em especial o do arroz, visto que a safra de 2020 do Rio Grande do Sul, maior produtor nacional,  teve uma redução de 15% de área plantada em relação à anterior, devido à a falta de chuva. 

— Os atuais preços não devem se manter, principalmente com o dólar acima da casa dos R$ 5. É mais vantajoso para os produtores exportarem e receberem nesta moeda. Mas como todo mercado de futuro é instável, vamos aguardar as próximas reações — analisou o gerente do supermercado, Walter Wagner.

Abras

Em nota, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) analisou a situação e diz que vê essa conjuntura com muita preocupação, por se tratar de produtos da cesta básica da população brasileira. 

— Conforme apuramos, isso se deve ao aumento das exportações destes produtos e sua matéria-prima e a diminuição das importações desses itens, motivadas pela mudança na taxa de câmbio, que provocou a valorização do dólar frente ao real. Somando-se a isso a política fiscal de incentivo às exportações e o crescimento da demanda interna, impulsionado pelo auxílio emergencial do governo federal — explica. 

De acordo com associação, o setor supermercadista tem se esforçado para manter os preços normalizados e vem garantindo o abastecimento regular desde o início da pandemia nas 90 mil lojas de todo o país. 

A Abras comunicou à Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça e Segurança Pública, na quinta-feira, 3, sobre os reajustes de preços dos itens citados acima, com o intuito de buscar soluções junto a todos os participantes dessa cadeia de fornecedores dos produtos comercializados nos supermercados.

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