Possível pré-candidatura faz vereador trocar de partido

Maria Tereza Oliveira

A movimentação em busca de novos partidos continua. Apesar de muita especulação, as permanências e mudanças de partidos são postas em xeque. Parte das incertezas supostamente seria causada por “puxadas de tapete” nos bastidores da política. É por isso que a permanência, antes cravada, de Eduardo Print Jr. no Solidariedade (SD) não é mais uma possibilidade, conforme revelou ao Agora. A relação do vereador e fundador do partido em Divinópolis azedou após o SD supostamente mostrar interesse em lançar Laiz Soares como pré-candidata a prefeita. Por outro lado, a versão dela é um pouco diferente.

Saída do partido

Ao Agora, no fim de janeiro, Print foi seguro ao cravar sua permanência no SD. Porém, pouco mais de um mês depois, o quadro se inverteu. Ontem, o vereador trocou o discurso e confirmou que nos próximos dias mudará de partido. No entanto, conforme o parlamentar, a nova sigla ainda está sendo estudada.

Motivos

À reportagem, Print contou os motivos que o fizeram mudar de opinião e trocar o partido que fundou. De acordo com ele, há pouco mais de 15 dias, recebeu em seu gabinete Laiz, ex-assessora da deputada federal Tabata Amaral (PDT).

— Ela contou que estava voltando à cidade e conhecendo os vereadores eleitos e os partidos, pois tem o desejo de vir cuidar da cidade natal depois anos trabalhando fora. No decorrer do tempo, ela manifestou para mim o desejo de participar da eleição e isso é válido. Qualquer pessoa tem o direito de disputar, seja para vereador ou prefeito — destacou.

Conforme o líder do governo na Câmara, Laiz teria escolhido concorrer ao pleito pelo Solidariedade.

— Eu fiquei satisfeito e contei que estamos com o partido quase montado. Sou o fundador do partido em Divinópolis, estou há mais de seis anos na sigla, ajudei a fundar o partido em várias cidades aqui do Centro-Oeste, mais de 50, então tenho um conhecimento muito bacana. Participei de diversas convenções, estou na vice-presidência estadual do partido — lembrou.

Print ainda contou que na semana passada ficou surpreso quando Laiz informou que queria ser candidata a prefeita.

— Eu sugeri que ela participasse do processo eleitoral como candidata à vereadora, depois a gente discutiria um pouco mais como seria a construção do nome dela para as eleições 2024. No entanto, ela insistiu e eu disse que, nesse caso, eu iria a Belo Horizonte conversar com o presidente estadual para discutir o assunto e dar um posicionamento a ela — afirmou.

Porém, de acordo com Print, ao chegar a BH, descobriu que a situação já estava acordada.

— Eu só fui comunicado pelo deputado federal Zé Silva (SD) [presidente estadual do partido] que a sigla está com uma nova metodologia com as grandes cidades. Ele contou que o desejo do partido era de que eu me candidatasse a prefeito em Divinópolis. Eu disse que não tinha intenção de concorrer o prefeito, temos projeto com outros vereadores, teríamos três parlamentares já eleitos na Câmara, que é a maior bancada que a legenda já teve em Divinópolis, e temos encaminhado a indicação do vice de um pré-candidato. Ele [Zé Silva] negou e insistiu na minha candidatura. Como eu não concordei, disseram que iriam aceitar a Laiz — disse.

O vereador afirmou que não concordou com a situação, por isso a decisão de trocar a sigla.

— Fico muito magoado porque nem consultado ou informado desta negociação em nível nacional – com apoio de Paulinho da Força (SD) – eu fui. Se esta proposta tivesse aparecido há cinco, quatro meses para que houvesse tempo de construir o nome dela, eu não iria me opor — disse.

Outro lado

O Agora também ouviu Laiz sobre a questão. Ela confirmou a existência do planejamento para concorrer à Prefeitura.

— Eu conversei com Print, expus minha ideia de formarmos uma chapa. Nosso projeto [Solidariedade] é de envolver mais as mulheres na política, de forma de fato ativa. É de conhecimento público que, em muitas vezes, as mulheres filiadas se tornam apenas parte da cota nos partidos. Queremos mudar isso e foi o que eu propus — disse.

Conforme ela, o vereador teve uma visão diferente neste aspecto e preferiu uma política “tradicional”.

— Print prefere manter um acordo com o prefeito Galileu Machado (MDB). Temos visões e ideologias diferentes e tudo bem. Respeito o trabalho dele na política e pelo partido, mas o momento é de renovação, de trazer os jovens e mulheres para o protagonismo, para uma diversidade maior de ideias — destacou.

Conforme Laiz, sua pré-candidatura ainda é uma possibilidade e ela está buscando filiações para fortalecer o partido.

— Eu fui acusada de ter “puxado o tapete” de Print, mas como eu, que acabei de voltar depois de dez anos, de família humilde, iria fazer isso com um empresário com mandatos de experiência na cidade? — questionou.

Debandada?

Print lembrou que iria trazer dois vereadores eleitos para sua antiga sigla, porém, com sua saída, eles não o mais farão. O parlamentar ainda apontou que o partido tem 350 filiados na cidade e, conforme ele, todos foram recrutados por ele. Cesar Tarzan (PP) revelou à reportagem que tinha planejado ir para o Solidariedade, no entanto, não vai mais.

Ele explicou que ainda deixará o PP, mas ainda estuda as possibilidades.

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