Por que sim. Por que não

 

Os porquês costumam ser a grande angústia da maioria das pessoas que passam por apertos. Responder a uma pergunta certa, na hora certa, pode se transformar em uma punhalada ou um tiro à queima-roupa. Normalmente mortal, exatamente porque quase sempre não existem respostas honestas a perguntas também honestas.

Todos os vereadores que não aceitaram o pedido de uma classe de advogados, para que fosse aberto um processo para investigar o prefeito Galileu Machado (MDB), com certeza não acharão o verbo certo. Mentirão nas respostas, pois não há como explicar que uma associação de pessoas do bem, que querem ser esclarecidas em um ponto crucial da administração púbica, não receba a atenção devida e obrigatória dos homens que foram eleitos exatamente para conferir com lupa todas as ações do Poder Executivo.

Ninguém está pedindo ou exigindo a cabeça do prefeito, e, sim, que fiquem claras algumas de suas ações. Os cinco que votaram favoravelmente — Cleitinho Azevedo (PPS), Edson Sousa (MDB), Janete Aparecida (PSD), Roger Viegas (Pros) e Sargento Elton (PEN) — seguiram à risca o dever que lhe foi outorgado pelo eleitor. Esses terão sempre uma resposta ao pé da letra: cumpri com o meu dever, fiz minha obrigação. Aí está o por que sim.

Este assentimento não se configura em um mero dever ou obrigação do ofício e, sim, implica em dizer mais, muito mais: trata-se, antes de mais nada, de uma atitude honesta e dentro dos princípios claros da liberdade de escolha. Trata-se também de uma decisão altamente responsável de pessoas que sabem que perderão alguns pontos junto ao prefeito, quando, exercendo a função, fizerem um pedido qualquer para a execução de obras nas comunidades que representam.

Haverá retaliação, mas, com certeza, virá uma tentativa de cooptação, pois qualquer governo precisa do maior número de votos favoráveis. Como por aqui não existe dinheiro para comprar votos, como aconteceu em passado recente nos governos Estadual e Federal, pequeninas coisas podem ser oferecidas em troca, como a capina de uma rua, o meio-fio de outra, um mata-burro na estrada etc. Estes cinco vereadores que desagradaram o prefeito serão vigiados pela opinião pública no restante dos seus mandatos.

O eleitor tem a memória curta, mas não é burro. Ao eleger Galileu novamente, o fez por causa do seu passado de obras, esquecendo completamente que, em todos os seus mandatos, ele entupiu a Prefeitura com gente sem qualificação para determinados cargos. Os outros candidatos a prefeito, embora bons nomes, não conseguiram agradar, e apenas Marquinhos Clementino esquentou um pouco o ambiente, mas sem incomodar. De muito antes, sabia-se quem venceria a corrida, pois as pesquisas mostravam uma diferença muito grande. A abstenção, votos brancos ou nulos mostraram o descontentamento do eleitorado.

Já os que votaram contra o recebimento da denúncia da AACO não devem ser crucificados e, sim, olhados com olhos de lince. Estes não saberão dizer o por que não. Só que o futuro está perto, novas eleições acontecerão e o justiçamento, ou o esquecimento, poderá ocorrer. Neste ponto, é bom salientar que o presidente da Câmara não votou porque o seu voto é o de desempate, de minerva. Se pudesse votar, dificilmente Adair Otaviano (MDB) apertaria o sim, já é aliado do governo de Galileu Machado.

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