Por 13 votos a 0, prefeitos rejeitam Usina de Asfalto

Matheus Augusto

Os 13 prefeitos membros da Associação dos Municípios da Microrregião do Vale do Itapecerica (Amvi) rejeitaram ontem, por unanimidade, a instalação da Usina de Asfalto na região. Participaram do encontro representantes de nove cidades: Cláudio, Carmo da Mata, Conceição do Pará, Divinópolis, Itapecerica, Pedra do Indaiá, Perdigão, Pitangui e São Sebastião do Oeste.

Apesar de não comparecerem, os outros quatros líderes comunicaram o apoio à decisão: São Gonçalo do Pará, Carmo do Cajuru, Camacho e Igaratinga.

Decisão

Presidente da organização e prefeito de Cláudio, José Rodrigues Barroso de Araújo declarou ao Agora que se Divinópolis, cidade com maior contribuição à Amvi, não se vê capaz de lidar com a produção da Usina de Asfalto, os outros municípios seriam irresponsáveis em receber a estrutura.

— A Amvi é composta por 13 municípios, e Divinópolis representa quase 50% da arrecadação. A sede está aqui em Divinópolis, e, como é distribuído de acordo com o FPM [Fundo de Participação dos Municípios] de cada cidade, Divinópolis banca a maior parte do custo. Se Divinópolis não tem interesse no equipamento, os municípios menores também têm condições de aceitar, porque ele é inviável tecnicamente — defendeu.

Para ele, o melhor custo-benefício para as demandas da cidade é continuar no atual modelo de produção. José Rodrigues ainda citou que Divinópolis demanda 20 toneladas de asfalto por dia, enquanto a usina é capaz de produzir 40 por hora.

— Hoje é muito mais sensato você comprar o asfalto pronto do que produzir. Para produzir, você precisa ter um corpo técnico, a usina tem que funcionar frequentemente, porque, quando ela para, por funcionar a diesel quente, entope o equipamento. Então, tecnicamente, não é um equipamento viável para funcionar pouco — afirmou.

O prefeito de Cláudio ainda afirmou que o custo mensal foi um dos pontos para os prefeitos não aceitarem administrar a Usina de Asfalto.

— Então o consumo de Divinópolis representa 7% do que a usina produziria. Quem vai financiar a compra de insumos para a usina? Nós não sabemos. O dinheiro vem para a compra da usina. O custeio ninguém sabe quem vai fazer e hoje no país infelizmente dá-se muito equipamento, constrói-se muitos hospitais, mas chega na hora do custeio e não tem quem faça.

O presidente da entidade ainda declarou não se tratar de um parecer ideológico.

— A decisão de todos os prefeitos – porque foi unânime, aqueles que não estiveram presentes também estão de acordo – é de que é inviável economicamente. Não é uma questão política, ela não é viável economicamente, principalmente para a associação. A associação não tem corpo técnico para administrar uma usina desse porte— afirmou.

Outro ponto que contribuiu para a rejeição dos prefeitos foi o tempo de espera até a usina entrar em funcionamento, sendo incapaz de solucionar os problemas com buracos nos próximos meses.

— Uma emenda, sendo aprovada no governo federal, demora seis, oito meses, para ser liberada. Depois você ainda tem que licitar essa usina, então ela não entraria em funcionamento antes de dois anos, e o Município teria que gastar recursos próprios para comprar insumos. Um deputado que quiser colocar emenda para que a cidade faça recapeamento, faça tapa-buraco, é muito mais fácil do que dar equipamento, porque ele está dando o equipamento, mas não o insumo — informou.

Questionado sobre a falta de comunicação entre o prefeito Galileu Machado (MDB) e o deputado estadual Cleitinho Azevedo (Cidadania), responsável por articular a verba, o líder da Amvi disse lamentou que a cidade possa perder o recurso.

— Eu não posso dizer isso porque a gente não sabe o que ocorreu nos bastidores, como foi que a emenda veio. Mas o Galileu, palavras dele, foi dito a todos nós, pediu que fosse mudada essa emenda para a compra de patrol, caminhões, e não a usina, pois seria muito mais útil para Divinópolis. E, segundo ele, isso não foi possível e não teve essa abertura — finalizou.

Solução definitiva?

Presente no encontro, o prefeito de Divinópolis afirmou que, em busca de uma solução definitiva, a Administração deve abrir, ainda neste mês, a licitação para investir cerca de R$ 40 milhões na infraestrutura da cidade, em especial no recapeamento das ruas.

— Com isso, vamos resolver o problema do asfalto velho que hoje está nas principais vias, com um custo muito mais baixo do que se tivesse que fazer isso com essa usina — salientou o chefe do Executivo.

Pontos

A nota da Amvi cita cinco justificativas para a recusa. A primeira delas é a falta de recursos para custear a compra de materiais e a manutenção da usina. Outro argumento é a falta de mão de obra técnica e especializada para a produção e aplicação do asfalto. O terceiro ponto é a dificuldade em se estabelecer o rateio entre os consorciados. Em seguida, a associação alega que a centralização de serviços desta natureza está na contramão da administração moderna, em razão de não ser um serviço finalístico do Município, tendo na cidade diversas empresas que oferecem tais serviços a preços competitivos. Por fim, os prefeitos concordaram com a inviabilidade técnica na manutenção do equipamento, em virtude de oscilações de demandas e produção com custo e qualidade competitiva.

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