Políticos apostam em redes sociais para contato direto com eleitor

Ana Laura Corrêa

 

De chinelo e bermuda, o vereador Cleitinho Azevedo (PPS) vocifera em um vídeo de 1 minuto e 35 segundos gravado com o celular em frente à Floramar em Divinópolis.

—Algumas pessoas naquele presídio estão ali por conta de políticos que não deram educação e dignidade da maneira que precisava dar. Político tem que servir e não ser servido — enfatiza o edil em um trecho do vídeo.

A publicação, divulgada na página no Facebook do vereador em 21 de janeiro, tinha, até o fechamento desta edição 5.826.712 visualizações, 42 mil reações e 218.894 compartilhamentos na rede social.

Há ainda cerca de 2.200 comentários, muitos elogiando a atitude de Cleitinho. O post teve alcance nacional. Alguns dos comentários, inclusive, são de moradores dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo.

A produção dos materiais, de acordo com o vereador, se dá de forma espontânea.

— Eu penso a temática, a pauta do vídeo, e meu assessor filma para mim. Eu vou pela minha intuição e também pela demanda, em relação ao que precisa ser mostrado para a população e para as autoridades — explicou.

 

Interação

 

Cleitinho Azevedo não é o único vereador que publica vídeos em suas redes sociais. Outros, como Dr. Delano (PMDB) e Sargento Elton (PEN), também têm utilizado as mídias para divulgar suas ideias. Para o assessor de comunicação e professor universitário Elias Costa, as novas ferramentas devem, sim, ser utilizadas pelos agentes políticos.

— A comunicação política tem de ser horizontal, em que todos estão no mesmo nível. Os vereadores que gravam esses vídeos estão caminhando nesse sentido. Antigamente, o político falava no palanque e as pessoas só escutavam. Agora, ele consegue ter uma relação mais próxima com a população — explicou.

Segundo ele, o uso dessas mídias sociais, no entanto, deve ser feito de forma inteligente.

— As redes sociais não podem ser utilizadas com a mentalidade antiga, de só mandar, encaminhar ou enviar. É preciso ter interação. Quem tem utilizado as redes sociais com interação tem tido sucesso — enfatizou.

 

Cuidados

 

De acordo com Elias, é preciso, no entanto, ter alguns cuidados ao assistir ou compartilhar esse tipo de material.

— As pessoas devem fazer a checagem da informação. Hoje em dia, com as redes sociais, existe muito conteúdo feito de forma oportunista, as chamadas “notícias falsas”. Ainda existe uma cultura de checagem de informação a ser trabalhada. As pessoas precisam ter muito cuidado e espírito crítico — afirmou.

Quem produz o material também deve tomar algumas precauções para que ele alcance o resultado esperado.

— Não se deve criar conteúdo só para ganhar curtidas, até porque já está mais do que comprovado que elas não são votos. Eu não sei até que ponto esses vídeos dão resultado, pode ser somente um boom de momento. Mas quando se trabalha com estratégia, sabe-se qual é o público e quais são os objetivos a serem atingidos, consegue-se construir algo sólido. O espetáculo entretém, mas não conquista — finalizou.

 

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