Polícia Civil investiga grupo que fraudava Programa Farmácia Popular

 

Anna Lúcia Silva

A Polícia Civil (PC), por meio da Delegacia de Estelionato, prendeu, na última sexta-feira, o suspeito Adriano Matos, investigado por fraudar o programa Farmácia Popular do Governo Federal, bem como credores, fornecedores, empregados e empresários em várias regiões de Minas.

Segundo a delegada que responde pelas investigações, Adriene Lopes, o suspeito preso e outras duas pessoas, sendo uma delas identificada como laranja, atuavam na aquisição frequente de drogarias e, por meio destas empresas, aplicavam golpes simulando falsas vendas de medicamentos do Farmácia Popular. Alguns dos medicamentos são liberados pelo governo gratuitamente e outros com até 90% de desconto.

— A investigação foi feita por mim, envolvendo Adriano Matos Silva e seus comparsas. Iniciei o inquérito quando tomei conhecimento, por meio de duas empresárias, ex-proprietárias do empreendimento, cujo nome fantasia é Droga Farma, situada na rua Goiás. Em julho de 2018, elas venderam o comércio a Adriano Matos Silva e seu suposto comparsa Leandro Carlos de Almeida. Foram realizados todos os procedimentos de transferência e registro da alteração contratual junto à Jucemg. A farmácia foi registrada no nome de Josias Alves Cunha, o laranja — explicou.

Farmácia Popular

Adriene Lopes explica ainda que, em março de 2018, após a venda, as ex-proprietárias passaram a receber cobranças diversas, de fornecedores, bancos, aluguéis e empregados. Foi com base nestas cobranças que as investigações tiveram início.

— Quando o caso me foi apresentado identifiquei que toda a documentação apresentada pelos golpistas Adriano e Leandro eram falsas. Iniciamos, então, as investigações e, no seu decorrer, constatamos que eles visavam a aquisição de drogarias e farmácias conveniadas ao Farmácia Popular. Com isso, aplicavam golpes não somente nas citadas empresárias, como também em fornecedores, bancos, credores e funcionários. Em abril deste ano, fecharam o estabelecimento e não pagaram ninguém, nem mesmo os créditos trabalhistas dos funcionários — explicou.

A PC relata que, durante o período em que estiveram na administração da farmácia adquirida na cidade, os investigados simularam vendas de medicamentos listados no Farmácia Popular, alguns gratuitos e outros com até 90% de desconto.

Foi apurado que, na simulação das vendas fictícias, eles utilizam nome e CPF de clientes da farmácia, os quais, na verdade, não adquiriram nenhum medicamento, sendo alguns já falecidos.

Além de tudo isso, eles fraudavam e adulteravam receituários médicos para receber do Ministério da Saúde os valores referentes às vendas de medicamentos que, na verdade, nunca realizaram.

— Com isso, causaram prejuízo a diversas pessoas, inclusive ao Governo Federal com a venda simulada de medicamentos que sequer adquiriram, já que não possuem notas fiscais da compra dos remédios que venderam. Aplicaram o mesmo golpe em outra empresária em cidade de Pará de Minas, em setembro de 2018. Lá, compraram o estabelecimento comercial denominado Drogaria Aliança Ltda, localizada no bairro São Luiz. Essa farmacêutica teve um prejuízo no valor de R$ 100 mil. Eles fizeram o pagamento por meio de cheque, todos sem fundos. A farmácia também estava no nome de laranja, dessa vez em nome de Joubert Vieira Santos. Após isso, fecharam o estabelecimento e sumiram. O mesmo ocorreu em Teófilo Otoni, que fica no Vale do Mucury, divisa com o Norte do Estado    — exemplificou.

Floramar

Adriano Matos está no presídio Floramar, para onde foi levado no domingo, 5, após ter sido preso em Belo Horizonte. Se condenado, ele responderá por estelionato. As investigações seguem com o objetivo de apurar a participação de outras pessoas nos crimes e identificar todos os lesados pelo golpe.

 

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