Polêmica entre São João e Semusa divide vereadores em reunião

Secretário foi chamado de “mentiroso” e “cara de pau”; encontro organizado pela direção do hospital foi definido como “circense” e “politiqueiro”

Bruno Bueno

A polêmica envolvendo a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) e o Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD) continua dando o que falar. A maioria dos vereadores se pronunciou, durante reunião da Câmara na tarde de ontem, sobre o encontro dos parlamentares com a direção do hospital para esclarecimentos dos dados apresentados pela pasta do Executivo. Na oportunidade, a Semusa mostrou possíveis divergências em cobranças de procedimentos médicos.

No entanto, a opinião dos parlamentares não foi unânime em plenário. Os vereadores ficaram divididos em demonstração de apoio à secretaria e ao hospital. Em um dos pronunciamentos, o secretário de Saúde, Alan Rodrigo, foi chamado de “mentiroso” e “cara de pau”. Outros parlamentares criticaram a reunião organizada pela diretoria do hospital, alegando “politicagem”.

 

‘Mentiroso e cara de pau’

Assim, o vereador Hilton de Aguiar (MDB) definiu o secretário de Saúde, Alan Rodrigo. As críticas vieram após o parlamentar dizer que o chefe da pasta mentiu ao falar que teria assinado o contrato anual entre o hospital e a Prefeitura. Momentos antes, segundo o parlamentar, a direção do hospital relatou que não havia recebido a assinatura.

 — A mentira vai até que a verdade apareça. Eu liguei para o Alan e ele me disse que o contrato já tinha sido assinado. Eu pedi para ele me mandar e ele gaguejou. Resumindo: mentiroso. (...) Eu estou acostumado a conversar com gente safada. (...) Essa briga entre a Semusa e o hospital, eu acredito que eles estão querendo tomar o lugar da Elis Regina. (...) Cara de pau. Vou comprar um óleo de peroba para você passar na cara — disse.

Outro vereador que criticou a Semusa foi Flávio Marra (Republicanos). O parlamentar disse que o secretário da pasta é incompentente e, com um cartaz, pediu a volta de Amarildo Sousa, que estava à frente da Semusa na última gestão. Ele também afirmou que o órgão fez uma série de denúncias sem apresentar provas.

 

‘Circo e politicagem’

As críticas à direção do hospital São João de Deus também marcaram a reunião. Alguns parlamentares definiram a reunião organizada pela direção do CSSJD como “circense” e “politiqueira”. Vários vereadores discordaram da decisão do hospital em realizar a reunião de esclarecimentos dos fatos a portas fechadas. A situação foi definida como um circo por um parlamentar. A manifestação, ocorrida na frente da Casa, que segundo os políticos foi organizada pelo hospital, também foi criticada. 

 Roger Viegas (Republicanos) ressaltou que não tem nada contra o hospital, mas deseja esclarecimentos por parte da direção.

 — Estou impressionado com a politicagem que foi feita de uma instituição que tenta manter seu respeito. Ninguém aqui quer fechar o hospital, queremos apenas esclarecimentos. (...) Trazer funcionário para a porta da Câmara dizendo que os vereadores os barraram, em uma reunião a portas fechadas? Ora, São João, ficou feio — ressaltou.

 Israel da Farmácia (PDT), em seu pronunciamento, destacou que, na sua opinião, em nenhum momento a Semusa disse que havia um superfaturamento. Ele também ressaltou que não viu irregularidades na fala dos profissionais da pasta. Eduardo Azevedo (PSC), por sua vez, definiu a reunião para esclarecimentos e a manifestação na porta da Casa como um “circo de politicagem”. Ele também disse que não tem nada contra o hospital.

 

Mais críticas

Rodyson do Zé Milton (PV) também criticou a direção do hospital São João de Deus. Ele contou ter se sentido ofendido com o andamento dos esclarecimentos feitos pela instituição e que não foi convencido pela fala dos membros da instituição. 

 Ney Burguer (PSB) entendeu a situação criada pelo hospital como “politicagem”. Ele questionou por que as pessoas que compareceram à Câmara não se dirigiram à Prefeitura Municipal. 

 

Mais pronunciamentos

Ana Paula do Quintino (PSC) pediu cautela com a apuração dos fatos e disse que a reunião de esclarecimentos deveria ocorrer em plenário. A vereadora pediu que as informações necessárias para decidir quem está certo cheguem à Câmara.  Lohanna França (CDN) seguiu a mesma linha da colega parlamentar, mas também questionou o motivo de o São João de Deus não realizar uma audiência pública para apurar os fatos.

Edsom Sousa (CDN) disse que aguardará os fatos para apurar melhor a situação. O parlamentar opinou que o secretário tem feito um belíssimo trabalho e que ele, bem como a Semusa, merecem respeito. Zé Braz (PV) disse que os vereadores respeitam o corpo clínico do hospital e que nunca questionaram a idoneidade dos funcionários e da direção do CSSJD.

 

Não comentaram

Os vereadores Diego Espino (PSL), Wesley Jarbas (Republicanos) e Josafá Anderson (CDN) usaram a tribuna, mas não comentaram sobre a situação. Eduardo Print Júnior (PSDB), Ademir Silva (MDB) e Rodrigo Kaboja (PSD) não se pronunciaram na tribuna livre durante a reunião.

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