Período pós-pandemia

João Carlos Ramos 

O período pós-pandemia é um sonho de todos os possíveis sobreviventes, atingidos pela revolução silenciosa que, infalivelmente, deixará marcas profundas nos corpos e na memória. Sabemos que toda ação provoca uma reação e a semeadura é opcional, mas a colheita, obrigatória.

A humanidade, há muito, vem provocando o desconhecido, com atitudes insanas e às vezes não propositalmente. Um exemplo clássico são as investigações espaciais, cujas consequências drásticas são do conhecimento de privilegiados grupos científicos que fingem não perceber e temem alardear a sociedade. Outro exemplo é o "avanço" da indústria farmacêutica, que não mede consequências, visando acima de tudo o lucro fácil, por meio dos doentes ou candidatos a ser. Inúmeros são os arautos do bem que, em alto e bom som, alertam a humanidade de perigos mil, porém, infelizmente, poucos ouvem.

No poema Psalm of Life (Um salmo à vida - Henry  Wadsworth Longfellow) o autor diz:  "Não me faleis em, enlutados versos, que um sonho vazio seja a vida! Pois morta é a alma que adormece, e são enganosas as aparências. Genuína é a vida.vCoisa séria! O fim último e túmulo não é: "sois pó e ao pó retornais", assertiva não condizente a alma. Nem só de alegrias ou de tristezas se traçam nossos destinos, mas de atos cumpridos, a fim de que cada manhã um passo melhor do que hoje seja". Igualmente o cisne negro, João da Cruz e Souza, nos encoraja, dizendo: "Ó, formas alvas, brancas, formas claras, de luares, de neves, de neblinas! Ó, formas vagas, fluidas, cristalinas... Incensos dos turíbulos das aras... Formas do amor, constelarmente puras de virgens e santas vaporosas… Brilhos errantes, mádidas frescuras e dolências de lírios e de rosas...". O fantástico poeta, pai do simbolismo brasileiro, prossegue invocando todas as belezas aprisionadas, cujos odores se fazem mister em nossa passagem meteórica e fugaz  pelo planeta terra. O fato é que não faltam mensageiros do sonho para tornarem  a dor mais amena e abrirem horizontes, antes envoltos em neblina.

Faltam apenas corações sequiosos pela vida plena e altruísta. Não nos cansa também citarmos o maior poeta brasileiro, Carlos Drummond de Andrade, em seu texto poético, atualíssimo,

Congresso Internacional do Medo:  "Provisoriamente não cantaremos o amor, que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos. Cantaremos o medo  que esteriliza os abraços, não cantaremos o ódio porque este não existe. Existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro. O medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos. O medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas. Cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas, cantaremos o medo da morte, depois morreremos de medo e sobre nossos túmulos.   Nascerão flores amarelas e nervosas". Sem sombra de dúvidas,  esse poema é profético, pois foi escrito em 1940, em plena Segunda Guerra Mundial. Todas as nações estavam com medo da morte e (ou) de uma possível escravidão nazista. O poeta descreve o medo da época e também o medo do período pós-guerra. Igualmente podemos contextualizar com o período pandêmico atual e a posteridade. Vale a pena nos esforçar para um trabalho de conscientização acerca de nossa realidade.

São inúmeros os questionamentos acerca da origem do referido vírus, porém não importa, pois a pandemia é uma realidade e temos que nos prevenir, sendo certamente o melhor remédio.

Uma coisa temos certeza: se houver amanhã, ela será envolto numa bruma e seremos forçados a ser parceiros do bem e do altruísmo.

Que Deus proteja a todos!

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