Perdoai-nos as nossas dívidas

Ômar Souki 

“Perdoai-nos as nossas dívidas (ou ofensas), assim como nós as perdoamos a nossos devedores (ou a quem nos tem ofendido).”

Jesus explica para Maria Valtorta o significado dessa súplica: “Há dívidas materiais e dívidas morais. Há também as dívidas espirituais. É dívida material a moeda ou a mercadoria que tomada emprestada, não foi restituída. É dívida moral a estima tomada e não devolvida. É dívida espiritual a obediência a Deus, do qual muito se exige e ao qual se dá bem pouco. Devemos também o amor a Ele. Ele nos ama e deve ser amado assim como se ama a uma mãe, uma esposa, um filho, do qual se exigem tantas coisas. O egoísta quer ter e não dar. Mas o egoísta está entre os antípodas do Céu".

“Temos dívidas com todos. Desde Deus até o parente, e deste até o amigo, do amigo até o próximo, ao criado e ao escravo, sendo todos eles seres como nós. Ai de quem não perdoa! Não será perdoado. Deus não pode, por justiça, perdoar a dívida que a pessoa tem para com ele que é Santíssimo, se ela não perdoa a seu semelhante.” 

Na formulação original, o Pai-Nosso usa a palavra “dívidas” em vez de “ofensas” e “devedores” em vez de “a quem nos tem ofendido”. Jesus explica que as dívidas se referem às coisas, à ética e à espiritualidade. Ao sermos vítimas de agressões, sejam elas referentes ao nosso físico, à nossa moral ou a nossos valores espirituais, devemos perdoar. Dessa forma, o nosso Pai, também vai nos perdoar. Jesus pediu: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”. Assim, ele mesmo nos mostrou até onde deve chegar a nossa capacidade de perdoar. O papa João Paulo II perdoou ao homem que atirou nele.

A cura de nossas feridas somente é conseguida quando conseguimos perdoar. A primeira pessoa a ser perdoada somos nós mesmos. Vivemos nos acusando por tantos erros cometidos ao longo da vida. Muitos carregam pesadas culpas e não conseguem progredir nem material nem espiritualmente. Carregamos um juiz interno que cresce em severidade à medida que nos acusamos. Para isso precisamos nos aceitar. Não é que vamos justificar nossos erros, mas vamos, sim, nos responsabilizar por eles e buscar corrigi-los. Vamos fazer de tudo para mudar nossos pensamentos, palavras, sentimentos, atitudes e comportamentos.

O nosso crescimento material, moral e espiritual ocorre através de um processo de tentativas e erros. Não podemos deixar que os erros nos paralisem. 

Com o intuito de aliviar a dor de nossas culpas, a Igreja criou o sacramento da confissão. Quando a pessoa confessa seus pecados, ela sai do confessionário aliviada. Pronta para uma nova vida! E, para que isso aconteça, além de se perdoar, deve perdoar também aos outros. 

Depois da segunda guerra mundial, um rabino que acabara de chegar a Nova York foi entrevistado por um repórter que lhe perguntou: “Como o senhor se sente com relação a Hitler?”. Ele respondeu: “Eu decidi deixar Hitler na Alemanha. Por isso, eu o perdoei. Esses outros judeus que não o perdoaram trouxeram Hitler com eles”. A melhor forma de se ver livre de um inimigo, por incrível que pareça, é perdoando-o!

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