Pequena ode ao feminino
Domingos Sávio Calixto
A entra-da-do mundo
Vem dela vem, de lá
Mulher pomar,
Onde pomar-se se tem sim
Em teu nome de fruta vã
Da tua relva curva pelve.
É deusa mesma e verdadeira – do teu avesso pranto
Planto vivo do eu que se me [des]contam, bem doeu
Mal do ente?
Que se onipresente oh fêmea
Deusa da semente,
Pandora de esperanças.
— Como te amar pouco
Se em abundância de pele
Toda nudez é manta?
Cubra-nos mulher e mulha-nos
E nos torne mulhamos,
Seres mais mulhamos
Consagrados ao ex-passo de mulhamidade
Pois de lá posso e agora vôo.
Vou em céu
Não no meu, sempre o teu
Cheio de nuvens atravesseiras,
Vejai para baixo e escutai do alto
É o delírio liriando
De viola lá e vida cá.
Não querobins, quero bens
Aceito, sim, um constato sombrado a maçã
Ao ser amamado em bicas sonhantes,
Que a morte bem feminina me seja
Porque a vida também é.
(*) Dedicado a todas as mulheres, de dentro e de fora.