Pela hora da morte

Não bastasse o momento por que passa o brasileiro com o desemprego, a insegurança, a ausência de um serviço de saúde pelo menos sofrível, o governo presenteia aos seus cidadãos, quase todos os dias, com um novo aumento para os preços da gasolina. Em 17 dias, como relata este diário em matéria de hoje, com o reajuste de hoje, já são 11, o que nem chega mais a ser novidade. A conta gotas, o governo vem aumentando os combustíveis, mas, para alegria de quem mora em cidades fronteiriças com a Bolívia, Paraguai e Uruguai nada acontece, pois, nestes países que não produzem uma gota sequer de petróleo, o preço da gasolina não passa de R$ 1,80.

Assim, enquanto por aqui os caminhoneiros se esgoelam tentando pagar menos preço preso do diesel, os seus amigos e companheiros dos países vizinhos vivem às mil maravilhas, com gasolina e diesel mais baratos, vendidos pela Petrobras. Se a companhia brasileira é autossuficiente na produção de petróleo, inclusive exportando parte dele, por que o preço é muito maior e por que tem aumento quase todos os dias.

Ninguém quer nada de graça, apenas o que é justo. Compreende-se que a turma de Lula e Dilma acabou com a Petrobrás, saqueando-a e deixando que a saqueassem. Mas isto já passou, a justiça aos poucos vai retomando o dinheiro e devolvendo-o à empresa, que mostrou um lucro líquido no primeiro trimestre deste ano de mais de 7 bilhões de dólares. É muito dinheiro, um lucro espetacular, que implica em se poder afirmar que não poderia ter aumentos tão frequentes, ou sequer que houvesse aumentos.

A justificativa vem da própria empresa, que diz vender ao mercado interno até mais barato do que exporta. E é verdade. Só que os estados incharam de tal maneira os seus gastos que o imposto sobre os combustíveis gira na casa dos 50%!

Quando um ou outro vídeo aparece nas redes sociais, gravado nos Estados Unidos, mostrando o quanto se paga lá e aqui, fica evidente que por aqui não há roubo e, sim, assalto. Se a gasolina estivesse hoje na casa dos R$ 2,50, nenhuma paralisação estaria acontecendo e as estradas estariam livres para os carros. Dificilmente, o governo atenderá os caminhoneiros nesta luta mais que justa, para que os impostos caiam, mas quem sabe se isto não mexe com o brio de todos e uma força, até estranha como na música de Caetano, seja a alavanca que todos precisam neste momento difícil, mas de soluções possíveis. Basta um acordo nacional.

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