Parada LGBT acontece em Divinópolis e chama atenção para a diversidade

Maria Tereza Oliveira

A Parada do Orgulho LGBT acontece nesse domingo, 26, em Divinópolis. O evento, que já possui 15 anos de existência, busca celebrar a diversidade, além de destacar a luta e o orgulho da comunidade LGBTQ+.

Segundo a organização, no evento deste ano está sendo preparada uma homenagem especial para pessoas transexuais.

A parada terá apresentação de djs, drags e outros artistas. Ela acontece na rua Pitangui a partir das 12h30.

Experiência de vida

O Agora ouviu pessoas que fazem parte da comunidade LGBTQ+ para entender melhor a importância de atos como a parada de amanhã na luta contra a intolerância.

Allan Ferreira, de 23 anos, é homossexual assumido desde os 18. Ao contrário da maioria dos casos, ele contou ter recebido apoio da família.

— Tive e tenho um apoio incondicional dos meus familiares, principalmente da minha mãe, que sempre me ajudou a entender tudo que acontecia — falou.

Sobre o preconceito enfrentado, Allan relacionou o momento político brasileiro com o aumento da intolerância.

— Estamos vivendo um período de retrocesso. É muito difícil dizer que não sofremos preconceito todos os dias. Esse preconceito vai além dos xingamentos e agressões. A gente percebe olhares estranhos e, a qualquer demonstração simples de afeto, somos recepcionados por caras fechadas — exemplificou.

Ele disse que o melhor jeito de lidar com o preconceito é empoderar-se e não deixar aquilo se abater.

— Isso provoca o preconceituoso a refletir melhor sobre aquilo que ele está julgando sem conhecer — destacou.

Transexualidade

A transexualidade é a condição da pessoa cuja identidade de gênero difere daquela designada no nascimento. Buscando harmonizar o mente com o corpo, pessoas trans passam pela transição onde adequam seu corpo ao gênero que se identificam.

Liz Maria, de 30 anos, é uma mulher trans, e, como ela mesma pontua, resolveu viver sua transexualidade aos 19 anos, quando mudou de Cláudio para Divinópolis.

— Consegui sair da tortura que é se esconder por medo do preconceito e da rejeição dos que eu amava aos 15 anos —, contou.

Ela lembrou que no início os familiares ficaram tristes com suas escolhas.

— Eles tinham uma imagem ridicularizada do que é uma pessoa trans. O acolhimento tem sido gradativo no meio familiar, pois, muitos ainda carregam o preconceito —, revelou.

Ao recordar do preconceito já vivido, Liz pontua o bullying sofrido no período escolar e na dificuldade em arrumar emprego. Hoje, trabalhando como funcionária pública em Cláudio, ela não se deixa abater pela intolerância.

— Nada conseguiu parar a mulher que sou. Nenhum preconceito me torna menos eu — destacou.

O Brasil é o país que mais mata pessoas transexuais no mundo. Liz contou que já foi agredida inúmeras vezes devido à sua identidade de gênero.

— Por sorte não faço parte de uma estatística lamentável, que é o genocídio de mulheres trans no Brasil — afirmou.

Liz chamou a atenção para as eleições.

— O voto é nossa maior arma contra essa falta de políticas públicas para a população LGBT. Represento uma minoria que faz do mundo um lugar melhor e sou feliz por isso — alertou.

Importância do evento

Liz elogiou a parada do Orgulho LGBT e destacou a visibilidade que ela dá à comunidade LGBTQ+.

— É um lugar onde pessoas que sofrem como eu sofria, podem dar seu grito de liberdade. Hoje se tornou também um ato político, pois, somos eleitores — ponderou.

Allan disse que esses eventos é super importante na luta pela igualdade e que sempre está prestigiando.

— Somos tão marginalizados pela sociedade e acho que esse tipo de evento ajuda as pessoas se conscientizarem sobre a nossa causa — finalizou.

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