Parada de ônibus

Israel Leocádio 

Olá! Como você está? Existem assuntos difíceis de tratar. Existem momentos em que não temos a palavra certa. Existem palavras que não cabem em certas situações. Por vezes, até mesmo o silêncio torna-se perturbador, dependendo da situação. É o que ocorre quando nos deparamos com amigos atravessando momentos difíceis (um filho doente; uma separação; um problema emocional, entre outros). Não existem palavras que possamos perceber que funcionem em circunstâncias assim. A Bíblia fala de uma situação dessas. Foi quando Jó (conhecido por experimentar um sofrimento imenso e manter-se fiel a Deus) recebeu a visita de seus amigos Elifaz, Bildade e Zofar. O relato bíblico fala da dificuldade dos amigos em argumentar com Jó de forma produtiva. Então, acordaram que ficariam em silêncio, jogariam pó da terra sobre suas cabeças e chorariam com Jó (Jó 2.11,12). A atitude desses amigos é a declaração de nossa incapacidade sob certas circunstâncias.

Então, o que dizer de um momento de luto? Os semblantes abatidos, o olhar assustado, o abraço sem palavras são comuns e parecem ser as únicas reações que podemos ter de forma digna e leal para com o familiar. Talvez, a palavra de orientação para “chorar com os que choram” (Romanos 12.15) faça sentido também quanto à reação correta diante de tão inexplicável dor.

Hoje, ouvia um bate-papo de três líderes de religiões diferentes (um rabino, um pastor e um padre). Conversavam sobre a morte e a dor que provoca. Em um momento da conversa, o rabino Sany perguntou ao pastor, que se emocionou com a lembrança da morte de seu genro: “Que idade ele tinha?”.

 – Trinta e cinco anos, disse o pastor. 

Então, o rabino disse: “Temos problemas em nos despedir de alguém mais jovem que nós, porque não entendemos a dinâmica da vida. Não compreendemos a missão e o propósito de cada indivíduo. Não compreendemos que podemos ter um tempo diferente para deixar a vida. É como se estivéssemos em uma viagem de ônibus e fizéssemos amizade com o passageiro ao nosso lado (enquanto a viagem segue). Quando, de repente, a pessoa se despede e desce do ônibus. Perguntamos: “Por que vai descer? Gostei tanto de sua companhia!”. Mas, a passagem daquela pessoa dizia que havia chegado ao seu destino”. 

As pessoas descem em pontos diferentes na viagem da vida! Então, é preciso aproveitar bem a companhia daqueles que amamos. Porque não sabemos por quanto tempo viajaremos juntos. Não sabemos do destino final do outro. Nada! Principalmente, se chegou ao lugar de sua descida do ônibus.

Melhor então é fazer essa viagem de forma madura e consciente de que haverá um ponto de chegada para cada um de nós. Logo, ame as pessoas, como se amanhã não fosse uma possibilidade real.

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