Pandemia econômica

      

                                                      Inocêncio Nóbrega 

                         PANDEMIA ECONÔMICA

 

Pandemia, isto é, epidemia globalizada, na linguagem moderna, data de séculos. Num bom comentário, Fernando Portela nos cita sua passagem por Atenas de Péricles. Semelhante à Peste Negra, ou Bubônica,  ocasionada por uma bactéria e que grassou  na Europa no século XIV,  e a Gripe Espanhola.  Sem periodicidade definida surgem e provocam uma série de mutações sociais, políticas e econômicas, tomadas de pânicos. A humanidade, por vezes em paranoia, é consumida, vorazmente. Sem defesas, buscam-se soluções diversas e esdrúxulas, populares e paracientíficas.

Doenças que brotam pela falência da civilização. A cólera,  proveniente de uma diarreia infecciosa grave, uma delas, tendo habitat preferido entre populações pobres, daí chamar-se de “doença da miséria”, típica da era pré-industrial. Da Índia emigrou para outros Continentes, aportando-se, no Brasil, pelo Norte e Nordeste,  enquanto a febre amarela deitava e rolava no Rio de Janeiro. Seguiu sua rota macabra por outras regiões, atravessando fronteiras ao Sul. Inúmeras vidas foram ceifadas; só a bubônica, percorrendo a China, Síria e Mesopotâmia, alcançou a casa de 24 milhões delas. A cólera-morbus, aproveitando-se da deficiência sanitária, nas suas duas ondas de existência, 1856 e 1862, levou cerca de 30 mil paraibanos a improvisadas sepulturas, já que poucos eram os campos santos.

Estamos em plena covid-19, apresentando espectros clínicos variados, levando estragos à saúde dos povos. As estatísticas da mortandade, com seu feroz desempenho, que o digam. Diferem-se das pandemias anteriores não pelas raízes epidêmicas, porém, em virtude de sua convivência com a ampla cobertura e intensidade de notícias da mídia e redes sociais, pondo-nos numa situação de conhecimento e de aflição.  Ao lado, tem sido um elemento aferidor dos sistemas econômicos, os quais adotam o capitalismo agonizante, desorganizados e despreparados para o enfrentamento à moléstia, os quais apelam, desesperadamente, para o milagre da ciência, que é a vacina. 

Ponto negativo é a índole do próprio regime. Sem irmanar seus comandados, pelo bem coletivo, embora os insistentes apelos, os reagentes institucionais são ineficazes.  Solidariedade é antítese fundamental no minorar o impacto da doença.  Infelizmente, essa nossa cultura, o desrespeito às recomendações médicas e sanitárias. Contrário em Cuba, sufocado pelo embargo estadunidense, com seus 11 milhões de habitantes, 150 mortes, apenas! A Ilha mantém as “Brigadas de Solidariedade Henry Reeve”, com 3 mil médicos espalhados em diversos países. Desoxigenadas, infectadas pelo lucro vil, as economias nesse patamar sucumbirão, se não houver alterações de atitude.

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