Palhaço sem plateia

Laura Ferreira 

 

Lágrimas molham o teclado do meu computador. Como a caça que usa toda sua potência para escapar de seu predador, recorro à escrita como meu refúgio. Minha confidente. 

Desesperada, procuro manter o equilíbrio. Sei que com minhas próprias forças não vencerei a batalha trava. Por isso busco amparo ao usufruir de medicamentos e da fé que professo. 

O que fazer quando estamos na montanha russa? Pedir àquele que a controla para pará-la? Pular do brinquedo? Ou simplesmente curtir a brisa, os cabelos ao vento, o frio na barriga e aprender a lidar com a situação na qual nos encontramos?  

Toda escolha é vítima de suas consequências. Quando se espera demais, é evidente o risco de decepcionar-se. Seja qual forem as sinuosas curvas do relacionamento, a reciprocidade não é igual para ambas as partes, pois um indivíduo sempre sairá em desvantagem quanto ao toque nas feridas carregadas por todo o percurso de sua história. 

Qual o tempo necessário para que uma amizade ganhe solicitude? Há aqueles que são omissos enquanto podem ou até que seus personagens saiam de cena por situações incontroláveis. Em contrapartida, existem os que revelam suas faces e também suas feridas logo no primeiro encontro. Quais sobressairão?  

Ergo minha cabeça e enxugo as lágrimas. Mulher de fibra não cede a qualquer tempestade. Ainda que sua cabeça seja de barro, sujeita a qualquer chuva desconcertante.  

Após recorrer à minha confidente, percebo que não poderei perpetuar o momento. Portanto, desligo meu computador e volto aos meus afazeres como um palhaço que precisa fingir um sorriso para receber aplausos da plateia. 

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