Paixão, segundo João - JOÃO CARLOS RAMOS

JOÃO CARLOS RAMOS

Um olhar sem fronteiras inicia a jornada, outrora pelos fracos, impensada. A presa é veloz e tudo começa com imensas impossibilidades: como farei (como disse em um de meus famosos poemas) para vencer meu rei?

O desafio é grande e a crença em si mesmo é paradoxal. Afinal, o sucesso dos outros justifica-se pela grande estatura, estrutura e investimentos planejados...

Alicerçados em Freud, muitos há que param à margem do caminho, enquanto as festas dos espertalhões atraem incautos(as) para o insucesso sentimental.

Outros há que, baseados em falsos conceitos éticos e familiares, deixam a locomotiva na segunda estação, enquanto o apito semeia saudades daquilo que haveria de ser.

O coração sempre fala mais alto de que nossos desejos e sempre é o último que ouvimos, para nosso profundo e inigualável arrependimento. Alimentamos às vezes a esperança de dias melhores em que grandes oportunidades surgirão, mas ignoramos o olhar do lince que atravessa a floresta à procura de presas e o mais importante: a fuga dos predadores com sua armas oportunas.

Também ignoramos o voo da águia que das imensas alturas, vigia de forma idêntica, tanto a inexpressiva quanto a gigantesca presa com a precisa intenção de sobrevivência. Ignoramos tudo por ignorarmos o principal que alimentará a alma inquieta, à procura de pão.

Longe de nós o palhaço infeliz fará sucesso apenas com as crianças que não conhecem a estatura do amor e nem da ilusão.

Longe... Muito longe... Lágrimas correrão mais que as dos infelizes que não viram além dos olhos. Pretendo chegar onde muitos pararam e deixaram marcas indeléveis na areia do tempo.

A paixão devora antes do tempo! Todo cuidado é pouco e poucos há que escaparam de suas garras de aço. Tudo começou apenas com um olhar e como escapará alguém do invisível? E o mais importante, daquilo que adianta a chegada do paraíso provisório?

A paixão, segundo João é a mesma de Nietzsche em aspectos vários:

"Vai colocar as paixões nos seus lugares, encerra-as

agora em seus domínios (...)

- as paixões de teus heróis nunca serão mais de que máscaras,

falsificações de paixões e

a linguagem delas nunca será autêntica, nem sincera".

Outros aspectos há, que ouso falar, pois as delícias falam mais que os lábios de um viajante...

O dramaturgo Shakespeare disse em Hamlet:

''Duvide do brilho das estrelas.

Duvide do perfume de uma flor.

Duvide de todas as verdades,

mas nunca duvide de meu amor".

O que é paixão, senão o caminho desesperado do corpo, rumo à alma em extrema comunhão com o elo perdido? O apaixonado(a) é triste, pois nada há que exista que o(a) venha consolar!

Muitos afogam as mágoas no álcool e prazeres momentâneos, como uma forma de dar trégua à dor da rejeição, que talvez seja apenas o vestibular do curso das águas de um grande amor...

A paixão, segundo João, se exprime melhor em um poema de sua triste e real autoria:

"O amor não para, por causa das pedras e nem dos diamantes.

Segue seu caminho sempre só!

A paixão é seu destino em pés cansados,

sabendo que a culpa de amar

não é minha e nem tua,

Sempre será do mar!".

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