Paixão e eleição

Paixão e eleição 

Do latim passio, paixão é um substantivo feminino que significa “sentimento intenso que possui a capacidade de alterar o comportamento, o pensamento etc; amor, ódio ou desejo demonstrado de maneira extrema”. Apesar de ser um sentimento nobre, ao mesmo é extremamente perigoso, pois é capaz de tirar a capacidade do ser humano raciocinar. E, se “misturado” a determinados temas, torna-se muitas vezes letal. Paixão e política, por exemplo, definitivamente não combinam. Os dois são como água e óleo, não se misturam. Para provar, basta olhar o Brasil. O país tem a corrupção enraizada desde o seu descobrimento e, por aqui, o povo, que é predominante classe C e B, ou seja, trabalhadores, trabalha noite e dia para bancar os luxos daqueles que são eleitos para representar a população, como determina a Constituição Federal, e ter o mínimo do mínimo no seu dia a dia. 

Engana-se quem pensa que a culpa desse sistema de corrupção – já cultural – é apenas daqueles que roubam, a culpa é também do povo, que insiste em misturar paixão com política. É fato que os brasileiros buscam heróis a cada eleição. É fato que, a cada pleito, o povo se deixa levar pelas promessas mais fajutas, pelos discursos mais apaixonados e se deixam levar por ela, pela paixão. Incapazes de separar o “joio do trigo”, os eleitores se apaixonam e cometem um dos erros mais graves, escolher o seu candidato com base na emoção, no calor daquele momento; com base em tudo aquilo que a paixão é capaz de causar no ser humano, e não no que é real, no que é concreto. E, assim, ano após ano, eleição após eleição, que o Brasil tem seus representantes escolhidos, com muita, mas muita paixão. 

Talvez, se o brasileiro fosse capaz de fazer as suas escolhas baseado na razão, e deixasse de lado essa busca pelo salvador, as coisas por aqui estivessem bem melhores. Divinópolis é um belo exemplo de como política e paixão não podem se misturar. A cidade, que no início dos anos 2000 teve quatro representantes, sendo dois na Câmara dos Deputados e dois na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), hoje tem apenas um, no parlamento federal, e um no parlamento estadual. Levados pela paixão, os eleitores divinopolitanos são incapazes de fazer escolhas que possam trazer mais representatividade para a cidade. É inegável e de se admirar o trabalho feito pelos deputados Domingos Sávio (PSDB), na Câmara, e por Cleitinho Azevedo (CDN), na Assembleia; ambos lutam diariamente pela cidade, mas é fato que Divinópolis precisa de mais representantes, e que o eleitor precisa fazer as suas escolhas com base em trabalho, em atuação, e não pela emoção, pois quando a razão perde espaço para sentimentos intensos, o resultado é desastroso. 

Que nas próximas eleições o povo brasileiro deixe suas paixões de lado para que as escolhas feitas tragam mais soluções, mais saúde, mais educação, mais comida na mesa, mais economia estável. Que o povo consiga fazer escolhas sensatas, racionais, porque já está mais do que provado que os caminhos trilhados até hoje não deram bons frutos.

 

Comentários