Pagar para ver, não!

Dizem por aí que um dos maiores erros dos guerreiros é subestimar a capacidade e inteligência do seu inimigo. O Brasil está à beira de um novo caos e, mais uma vez, a capacidade do inimigo, no momento, os caminhoneiros, é testada. A categoria confirma que paralisará uma no próximo dia 16, a partir das 6h. A manifestação, segundo a projeção dos profissionais, deve atingir 70% da categoria e trazer à tona as lembranças do protesto de 2018, que durou 10 dias. Em um vídeo publicado na internet, um caminhoneiro identificado como Genivaldo, de Itabaiana (BA), faz um discurso revoltado e afirma que “Nós temos um governo que só fez nos enganar. Muitas mentiras, promessas antes da campanha. E o que foi que ele fez para nós? Nada. Só virou as costas para os caminhoneiros. Como vocês podem acreditar?”.

Outro, além de confirmar a paralisação, chamou o povo brasileiro para ir para as ruas protestar. Ele lembrou os 11 aumentos consecutivos de gasolina, óleo diesel e gás de cozinha e também pediu o apoio da população. “Convoco a população brasileira. Vamos parar o Brasil. Queremos que na segunda-feira, dia 16, às 6h, já esteja tudo parado.” Diante de tal situação, o governo federal decide simplesmente minimizar a ação da categoria, cometendo o mesmo erro de Michel Temer (MDB), no ano passado, quando os caminhoneiros anunciaram a greve geral. O governo federal, por meio de seu porta-voz, diz acreditar que são pequenas as chances de uma nova greve nacional dos caminhoneiros.

 O porta-voz ressalta o diálogo que o governo vem mantendo com a categoria para o encaminhamento das demandas do setor. Além de nunca subestimar a capacidade e a inteligência do seu inimigo, está na Bíblia, em Provérbio 16:18, “A soberba precede a ruína, o espírito arrogante vem antes da queda. 19. Melhor é ter espírito humilde entre os oprimidos do que repartir um grande espólio com os arrogantes”. Em outras palavras, a arrogância, a vaidade e o ego são os maus que destroem o homem. Algumas pessoas devem se lembrar nitidamente que, a última vez que a categoria fez uma greve, o Brasil foi à beira do colapso.

Mas o mais interessante da greve de 2018 é que o então presidente, Michel Temer, foi avisado sobre a greve com antecedência, mas ignorou os alertas. Em um dos ofícios ignorados pelo ex-presidente, a categoria dizia “Imagine o Brasil ficar sem transporte por uma semana?”. Foi só depois de ver o caos instalado e a população pagando uma conta que não era sua que Temer decidiu agir e começar as negociações com os caminhoneiros. Talvez a arrogância tenha tomado conta da atual gestão, assim como tomou de Temer, e, mais uma vez, um presidente minimize a força de uma categoria. O que não pode é pagar para ver. O prazo é curto, o fim do ano está chegando e, definitivamente, este não é o momento. Este e nenhum. O problema é que dezembro é considerado o mês do ano para quem vende, para quem compra, para quem dá e recebe presentes e, principalmente, para quem confraterniza. Acabar com, quem sabe, o único momento de felicidade de muitos é mais do que sacanagem, é covardia. Fica o questionamento: é justo o povo pagar uma conta que não é sua, mais uma vez? Talvez tenha chegado o tempo de refletir, afinal, “um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la”.

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