Paciente vive ‘cruzada’ por exame em Divinópolis

Ricardo Welbert 

Que a saúde pública no Brasil caminha a passos de tartaruga, todo mundo sabe. Em Divinópolis, um caso que ilustra essa realidade é o do confeccionista Jairo Gomes Viana, de 59 anos. Ele mora no bairro Esplanada e procurou o Agora para denunciar a lentidão na marcação de um exame.

Jairo conta que sofre de dores crônicas no abdômen. Há um mês, esteve na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde o médico recomendou um exame de ressonância magnética de abdômen e pelve com ênfase em coluna lombar.

— Só que dias se passaram e nada. Procurei o posto de saúde e fui informado de que não tinham previsão de marcação do exame, porque são oferecidos apenas dois por mês e a fila é grande. Essa demora faz piorar a situação dos pacientes, que em muitos casos morrem antes de o exame ser marcado — reclama.

No dia 22 de março, ele não aguentou mais esperar pelo SUS. Pagou R$ 180 em um exame de ultrassonografia na rede particular. O teste avaliou as condições do fígado e vias biliares, dos rins, do baço e da bexiga.

— Tive dificuldade para bancar isso, mas consegui. Penso como deve ser ainda pior a situação de quem sofre dessas dores e não tem condição de pagar pelo mesmo procedimento — lamenta.

No dia 27 de março, Jairo levou o caso ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Ele foi atendido pela oficial Michelle Santos Figueiredo, que anotou a reclamação do cidadão. O caso foi avaliado pelo promotor Ubiratan Domingues, que entregou ao paciente um ofício em que pede à Secretaria de Saúde que responda a Jairo sobre a demora na marcação do exame. Com a resposta do órgão em mãos, ele deveria procurar a Defensoria Pública.

Jairo afirma ter protocolado na Prefeitura uma reclamação com o ofício do MP anexo. Anteontem, ele recebeu uma ligação da Secretaria de Saúde, que orientou o paciente a voltar ao posto de saúde Central para avaliar o caso.

Outro lado 

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Saúde declarou, por meio de nota, que não consta em seu sistema nenhum registro ou protocolo feito pelo usuário Jairo Gomes Viana solicitando a realização de ressonância magnética e repetiu a orientação que o paciente afirmou ter sido feita por uma servidora da própria secretaria.

— O usuário deve levar o pedido e a documentação ao posto de saúde Central para o devido encaminhamento ao setor de Regulação — explica.

Jairo esteve ontem no posto.

— Fui bem atendido e marcaram uma consulta para o dia 11, com o clínico geral, que deverá me encaminhar a um especialista. Acho que o cidadão, se não souber os direitos que tem, não consegue nada — finaliza.

 

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