Os vendedores de ilusão

 

Os trabalhos legislativos mal começaram e alguns vereadores continuam exercendo brilhantemente os seus papéis de “vendedores de ilusão”. Aproveitando-se da falta de estudo do povo, da descrença que muitos estão com atual situação do Brasil, alguns parlamentares fazem aquele velho jogo político e dizem (berram) aos quatro cantos que estão fazendo diferente e ensinando os “políticos profissionais” a fazerem política de verdade. Não sabemos o que é pior, os vereadores se aproveitarem da situação, ou o povo se deixar levar mais uma vez por discursos bonitos, berros, gritos e tapas na Tribuna Livre. 

Quem acompanha a Câmara diariamente, seja as reuniões ou os bastidores, sabe muito bem que os defensores da moral e dos bons costumes, de defensores não tem nada. Estão preocupados apenas em manter os seus papéis de “salvadores de Divinópolis”.  

Com berro e vídeos nas redes sociais, é cada vez maior o número de políticos que tentam vender a imagem de incorruptíveis, de nova geração. Porém, continuam fazendo o que os velhos políticos fazem: vendem ilusões. 

Nesse caso, aproveitam-se de um povo ignorante, que não se interessa pelo assunto e se deixa levar por meia dúzia de palavras bonitas. E está tudo perfeito. 

O Brasil realmente está mudando. Junte tudo isso a um grupo de WhatsApp, que ajuda espalhar a ilusão, pronto, Divinópolis está finalmente entrando nos trilhos. Mas o que muita gente não sabe é que, por trás dos discursos bonitos, existem interesses pessoais, que não envolvem a população divinopolitana. Esta, aliás, está em último lugar nos planos dos legisladores, que querem continuar “jogando para a galera”.  

O último teatro dos parlamentares mostra exatamente esta situação. No dia 16 de março, o presidente da Câmara, Adair Otaviano (MDB), concedeu um reajuste de 3,94% aos servidores e agentes públicos do Poder Legislativo, assim como fez o prefeito Galileu Teixeira Machado (MDB). Neste reajuste, estão incluídos os salários dos vereadores, prefeito, vice-prefeito e secretários municipais. Pronto, um prato cheio para que o teatro começasse. E gritaram, e bateram na mesa, e berraram, fizeram requerimento “devolvendo” os poucos mais de R$ 400 para os cofres públicos, gravaram vídeos, tiveram ajuda de grupo de WhatsApp para espalhar a atuação, chamaram a lei de imoral e foram aclamados os heróis da nova geração. Não bastasse tudo isso, fizeram um anteprojeto de lei e encaminharam para Galileu para que os agentes políticos fossem excluídos do reajuste anual.  

Lindo, muito lindo, mas inconstitucional. Jogaram para o prefeito a responsabilidade de fazer aquilo que o povo quer, mas se esqueceram de que nenhuma lei municipal se sobrepõe à Constituição Federal. O reajuste anual é estabelecido pela Carta Magna. Então, se alguém tem de se “queimar” com a população que seja Galileu, não os heróis de Divinópolis. Eles vieram para salvar a cidade de todo mal. Estão na Câmara para livrar o povo divinopolitano dos políticos maldosos, que não trabalham pela cidade. Como fazem isso? Com um teatro de encher os olhos, de lavar a alma, mas de dar pena, pois os mais prejudicados (e iludidos) são os mais humildes, que se conformam com palavras bonitas. 

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