Os três Azevedos e a dama Janete

Raimundo Bechelaine

Parabenizar é preciso, ao prefeito eleito, sr. Gleidson Azevedo, e sua vice, Janete Aparecida. Por obra e graça da liberdade do voto popular, a eleição municipal de domingo passado já é histórica. Terá um lugar destacado na história de Divinópolis, pela ruptura que representa, em relação ao quadro e às figuras que eram até agora dominantes na política local. Pessimamente dominantes, aliás. O quarteto formado pelos três irmãos Azevedo e a vereadora Janete Aparecida torna-se o grupo decisivo da política divinopolitana. O deputado Cleitinho firmou-se como o maior líder político no município.

Todavia, é possível colocar algumas indagações. Primeiramente, é indispensável que este grupo, o partido e a equipe de trabalho que os levou a vencer o pleito reflitam séria e profundamente sobre a o significado e alcance da sua vitória. Os eleitores que lhes deram o voto e o poder fizeram uma opção radical. De ruptura, como acima dissemos. É grande agora, sobre os seus ombros, o peso da esperança popular. Parece-nos que é ainda nesse sentido que se deve avaliar também a boa votação obtida pela jovem candidata Laiz Soares, que ficou em terceiro lugar.

Durante a campanha, o sr. Gleidson Azevedo e a sra. Janete falaram em "governar de fora para dentro". Entende-se: a partir do olhar das periferias. Citavam os bairros mais afastados do Centro da cidade. Ou seja, o povo trabalhador e pobre das dezenas de longínquos loteamentos, irresponsavelmente aprovados pela municipalidade sem qualquer infraestrutura. O povo sempre iludido com promessas eleitoreiras e esquecido depois. Falaram em reforma do IPTU, calçamento de ruas, fornecimento de água e outras necessidades óbvias. Seria inspirador que o grupo iniciasse as suas reuniões, nos próximos dias e no mandato todo, ouvindo "Construção" ou então "Pedro pedreiro", sucessos inesquecíveis do Chico Buarque. Ajudaria a não perder o rumo.

Sobre as dificuldades que serão encontradas, a Prefeitura quebrada e outras mais, muito já se disse. Uma coisa, porém é previsível, mas ainda não dita. Por detrás de gestos refinados e de palavreado gentil, haverá, sem dúvida, tentativas de cooptação das novas lideranças; e nem descartemos mesmo a sabotagem. O jogo dos interesses não cessa nunca e sabe mover as pedras no tabuleiro.

Até o momento em que escrevemos, noticiou-se a integração do ex-candidato Will Bueno à nova equipe de governo. É também um nome que sugere renovação. Aguardemos os novos passos. A hora é de surpresas. [email protected]

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