Os invejosos passarão

Augusto Fidelis

Independentemente de crença religiosa, a Bíblia é um livro que deve ser lido. Contém histórias milenares e essas em nada se diferem das contemporâneas. Aliás, mudam-se os protagonistas, mas a essência do ser humano se mantém, inclusive a inveja, essa mania pecaminosa de querer o que é do outro, de não se alegrar quando o outro é abençoado com algo.

Em Gênesis está escrito que Caim matou seu irmão Abel, por inveja. Se naquele tempo um irmão já foi capaz de matar o outro ‒ porque Deus recebia de bom grado os sacrifícios de Abel, feitos com carinho e dedicação, e desprezava os de Caim ‒, imagine na atualidade, em que a maldade foi aperfeiçoada, com requintes de sofisticação! 

E, por falar em inveja, a temporada está aberta. A época de campanhas políticas é muito propícia a esse tipo de sentimento. São traições, denúncias, às vezes infundadas, e rasteiras. Todos estão sob a vigilância do Grande Irmão, por meio de seus incontáveis representantes armados de celulares, com a firme determinação de destruir qualquer reputação que se atrever  a desafiar o Bilderberg.

Muitos estão sendo chamados, mas poucos, muito poucos serão eleitos, pois a função da maioria não é a de se eleger, mas carrear votos para os escolhidos chegarem aos píncaros da glória. Depois, os que carregaram o piano jamais serão lembrados na hora do concerto, já cumpriram a missão que lhes era destinada.

No entanto, desde os tempos antigos, as Sagradas Escrituras advertem ao ser o humano, como em Provérbios (14:30): “O coração em paz dá vida ao corpo, mas a inveja apodrece os ossos”, (...) “O rancor é cruel e a fúria destruidora, mas quem pode  suportar a inveja?” (27:4). Em verdade,“onde há inveja e ambição egoísta, aí há confusão e toda espécie de males”, como alerta Tiago (3:16).

Na carta aos Gálatas (5: 19-21), São Paulo é enfático: “Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatria e feitiçaria, ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja; embriaguez, orgias e coisas semelhantes, eu os advirto, como antes já os adverti: aqueles que praticarem essas coisas não herdarão o Reino de Deus.”

Em Êxodo (20:17), assim está escrito: “Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçaras a mulher do seu próximo, nem seus servos ou servas, nem seu boi ou jumento, nem coisa alguma que lhe pertença”. O salmista (37,1-3), no entanto, apresenta o consolo aos injustiçados: “Não se aborreça por causa dos homens maus e não tenha inveja dos perversos; pois como capim logo secarão, como a relva verde logo murcharão. Confie no Senhor e faça o bem; assim você habitará na terra e desfrutará segurança.”

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