Os intocáveis

Preto no Branco 

A cada dia fica comprovado que a justiça no Brasil não é para todos. Significa que o errado neste país tão desigual é o certo e que as leis não valem para os poderosos. E não é que mais uma vez os nossos nobres representantes dão o mau exemplo? A Câmara dos Deputados decidiu acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) contra as operações de busca e apreensão nos gabinetes dos deputados federais Rejane Dias (PT) e Paulinho da Força (Solidariedade), ocorridas neste mês. Ao não concordar com a investida de policiais federais no Congresso, a Câmara quer, de forma escancarada, impedir que juízes da primeira instância sigam determinando operação de busca e apreensão em gabinetes de parlamentares. No “fritar dos ovos”, se acham intocáveis porque ocupam um cargo provisório pago pelo povo e, quando chegam à corte maior, arranjam os famosos “jeitinhos”. Que vergonha”!  

Tudo por dinheiro 

Na verdade, esta atitude da Câmara não surpreende ninguém mais. Principalmente quem se faz de desentendido ou tira algum proveito da situação.  A maior parte, infelizmente, não passa de paus mandados de um determinado grupo, de quem comanda o Executivo ou até mesmo de forças ocultas. Fica claro isso quando a Casa pede que seja firmado o entendimento de que cabe ao próprio STF determinar medidas cautelares contra parlamentares que possam afetar ou restringir o exercício do mandato. E ao ter a petulância de solicitar também que todo o material apreendido pela Polícia Federal na investigação dos dois parlamentares seja encaminhado ao Supremo. E não dá para duvidar que o pedido seja aceito. Pode anotar. 

Diligência suspensa 

Essa movimentação toda para “mexer os pauzinhos” em benefício próprio se deve às últimas ações da operação Lava Jato que deixaram muitos de cabelo em pé.  Líderes do Centrão pressionaram o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), a recorrer ao Supremo para impedir buscas e apreensões da PF em dependências da Casa. A cobrança se intensificou depois que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), conseguiu suspender a diligência da Polícia Federal, no gabinete do senador José Serra (PSDB). No caso de Serra, o presidente do STF, Dias Toffoli, barrou a operação no gabinete do tucano, determinada pela Justiça Eleitoral, apontando o risco de as provas colhidas na investigação incluírem objetos ligados ao exercício do atual mandato. Explicado, sim. Porque a própria corte já havia definido que o foro só vale para crimes cometidos no exercício do mandato e em função do cargo, mas asqueroso é. 

Respinga em Minas 

E por falar em favorecimentos e repugnância, o ministro Dias Toffoli quer ouvir a juíza responsável pelo processo sobre supostas irregularidades na construção da Cidade Administrativa de Minas Gerais, sede do governo mineiro, antes de se manifestar sobre a suspensão do depoimento do deputado federal Aécio Neves (PSDB) no caso. O interrogatório está marcado para 6 de agosto. Em despacho assinado na segunda, 27, Toffoli deu 48 horas para que a magistrada da Vara de Inquéritos Policiais da Comarca de Belo Horizonte se manifeste sobre as alegações da defesa do tucano, que diz não ter tido acesso aos depoimentos prestados pelos diretores da construtora responsável pela obra. Os advogados sustentam que "foi negado o acesso da defesa a elementos de provas utilizados no relatório final da autoridade policial". Se a polícia “enxuga gelo”, em centenas de casos envolvendo pessoa simples, que dirá em um destes. Assim sendo, há de se duvidar que este interrogatório seja mantido. As próximas horas dirão!  

Corrupção e desvio 

Delações mostram que o então governador de Minas foi beneficiado em esquema de superfaturamento da obra e desvio de recursos públicos, cujo prejuízo é estimado pela Polícia Federal em R$ 747 milhões em valores atualizados. Em maio último, o tucano foi indiciado no caso por corrupção passiva e ativa, desvio de recursos públicos e falsidade ideológica. Em se tratando do tema abordado por este PB, nada que “uma boa conversa ou oferta” e a prestação de um mísero trabalho voluntário não resolvam. Vida que segue, população que paga!

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