Os 50 anos do jornal Agora

Os 50 anos do jornal Agora 

Evandro Araújo

“Diga qual a palavra que nunca foi dita, diga.” Tomo a poesia de Milton Nascimento para celebrar os 50 anos deste Agora. Todas as palavras em defesa de um compromisso com a verdade e a seriedade foram ditas aqui em suas milhares de páginas e milhões de caracteres. Fizeram valer o direito e o dever de informar, de ser informado e de ter acesso à informação, princípios tão básicos da sociedade que, numa comparação com aos direitos do homem, são a garantia de seu artigo primeiro, estabelecendo que todos nascem livres e iguais em dignidade e direitos.

Fico muito à vontade para celebrar essa data. Primeiro, nossas idades pareiam (sou de 68) e, segundo, ao longo desses 50 anos, tive a honra e o prazer de fazer parte dessas páginas. Aqui, fui articulista, comentarista e colunista social. Vi este Agora escrever os 109 anos de emancipação de Divinópolis, 50 deles como testemunha ocular e outros 59 com o resgate histórico contado em suas publicações.

Ainda em suas páginas impressas, que teimam em desafiar e vencer o mau agouro de alguns poucos, circulando com o mesmo sucesso de sempre, guarda o modo tradicional de se fazer jornal, ombreando com os grandes veículos brasileiros esse legado da era pré-digital. Mas também acompanha as mudanças e transformações do tempo em que está inserido e nos ensina que a geração do papel-jornal pode ter um convívio pacífico com as novas tecnologias e plataformas. Mas a maior transformação deste jornal é a transformação social. É só se debruçar sobre os arquivos encadernados para ver que, apesar de muita coisa abominável, estamos em um processo de evolução como cidadãos. Isso está registrado nas reportagens, opiniões, artigos e editoriais para nos referenciar no agora e no futuro.

O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros estabelece que “a divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e deve ser cumprida independentemente de sua natureza jurídica e da linha política de seus proprietários ou diretores”. E nesse artigo vejo estampado o compromisso de todos que integram o Expediente deste jornal, destacando aqui o compromisso com a responsabilidade social inerente à profissão dessas duas referências, Janiene Faria e Gisele Souto.

Um jornal, assim como a fé e a consciência, deve ser entender que não existe para atuar como senhor nem servo de governos e mandatários. O jornal também deve ser a consciência do poder, reafirmando diariamente o compromisso fundamental com a verdade no relato dos fatos, razão pela qual pauta seu trabalho. E esse é o espírito do Agora, um zelo profético com o interesse público.

Parabéns, Divinópolis por se mostrar compromissada com os valores democráticos. Os 50 anos de um veículo de comunicação são o atestado de que um povo valoriza, reconhece, respeita e é cúmplice de valores caros para a sociedade. O Agora não chegaria aos 50 anos se assim não fosse. No entanto, não se trata de só celebrar, mas, sim, de reafirmar esses compromissos. O pacto com o jornalismo sério é renovado diariamente, em cada linha, em cada matéria.

O poeta americano Henry Longfellow nos ensina que, “neste mundo, um homem deve ser bigorna ou martelo”, ou seja, moldar a sociedade ou ser moldado por ela. Que os ensinamentos em forma de jornalismo destas páginas possam transformar cada cidadão para que sejam o martelo de um futuro melhor. Vivas para o Jornal Agora.

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