Orelha em pé

Gisele Souto

Quem se mete em práticas ilícitas e acha que fica na 'surdina', é bom ficar esperto. Uma grande estrutura para investigar diversos tipos de crimes e desmantelar organizações que se acham acima da lei está sendo montada em Divinópolis.  Já passava da hora, mas "antes tarde do que nunca", aguardem. Este Diário está acompanhando e mostrará todos os detalhes em breve.

Genocídio

Às vezes é preciso virar o disco e falar de outros assuntos. Mas, infelizmente, com a política praticada no Brasil, fazendo da saúde a cada dia um genocídio, é impossível. Quem precisa do Sistema Único de Saúde (SUS) atualmente, teme procurar atendimento porque não há especialidades disponíveis, e fica de molho em um local sem o recurso, aguardando o milagre de uma transferência, correndo risco de se contaminar com outras enfermidades. Onde isso acontece? Em todo lugar e aqui. É a realidade nua e crua da UPA 24 horas.

Responsabilidade

Mudar de gestão na unidade de saúde, trocando seis por meia dúzia, é a solução? Talvez. A dúvida é devido à frustrante administração da Santa Casa de Formiga que, devido a inúmeras limitações e liberdade demais, fez da unidade de saúde um amontoado de problemas. A Prefeitura de Divinópolis também tem sua responsabilidade. Primeiro, por passar sua função a uma empresa de fora, segundo por deixar a desejar em algumas situações, como permitir até a falta instrumentos de trabalho e um início de greve, por não cobrar de forma severa e dura. Não somente da gestora, mas de representantes da cidade que foram votados aqui e deram as costas como resposta.

Acima de tudo

Mais da metade dos profissionais da unidade de saúde já foram transferidos. Tem médicos, enfermeiros, técnicos em raio-x, entre outros.  Vão atuar nas UBS´s, mas a pergunta é: fazer o quê?  Sendo assim, completaria a lacuna que existe na cidade por falta de médicos? Teriam as unidades aparelhos de raio-x para realizar o exame? Uma fonte informou à coluna que profissionais gabaritados que atendiam na UPA estão vendo o tempo passar na Policlínica, sem espaço e o que fazer. Porém, além de achar um lugar para eles atenderem, a pergunta mais importante é: com a saída deles, haverá substitutos à altura para atender a população?  Neste caso, a saúde do paciente está acima de qualquer economia projetada.

Vergonha

Enquanto isso, em lugar muito distante daqui, conhecido como Brasília, 'capital da baderna', do desmando e da vergonha, a Câmara dos Deputados oferece, gratuitamente, aos seus 513 parlamentares, um total de 70 médicos de 17 especialidades diferentes, como psiquiatria e clínica geral. Reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo nesta segunda-feira mostra que a assistência médica e odontológica de deputados já custou R$ 93 milhões aos cofres públicos apenas no primeiro semestre deste ano - o equivalente a quase o total da quantia gasta em 2018 (R$ 100 milhões) e o montante previsto para 2019 (R$ 117 milhões). Se alguém ainda tinha dúvida sobre por que o País está quebrado e a reforma da Previdência precisa passar a qualquer custo!

Particulares

Os valores milionários, e que passam todos os limites do abuso e da falta de vergonha, pagam a equipe médica própria e reembolsos com tratamentos particulares apresentados pelos parlamentares por meio de notas fiscais pagas por procedimentos não cobertos pelo plano de saúde oferecido pela Casa.

"Caro"

Uma das despesas aprovadas pela Mesa Diretora foi um tratamento odontológico no valor de R$ 157 mil realizado pelo pastor Marcos Feliciano (Podemos-SP). O reembolso foi negado em abril último pela equipe técnica, mas ele recorreu da decisão e adivinhe: ganhou. “Sou político e pregador. Minha boca é minha ferramenta", disse o deputado, reconhecendo que o procedimento foi "caro". E daí? Quer ter uma boca bonita e apresentável, que pague. Não temos nada com isso! Vai ser abusado.

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